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Foto do escritorVinicius Oliveira

Crítica | Ahsoka (Minissérie)

Atualizado: 13 de out. de 2023

Ou a quinta temporada de Star Wars Rebels

Foto: Divulgação


A jornada de Star Wars no cânon da Disney tem sido... trôpega, para dizer o mínimo. Para cada The Last Jedi, Rogue One e Andor, há um A Ascenção Skywalker, O Livro de Boba Fett e Obi-Wan Kenobi. A minissérie de Ahsoka vem para dar continuidade aos eventos semeados em O Mandaloriano — que após duas ótimas primeiras temporadas, desandou um bocado em sua terceira. Trata-se de uma obra que se beneficia do papel ativo que seu criador, Dave Filoni, passou a ter dentro da franquia após suas amadas animações Clone Wars e Rebels, inclusive por ter criado a personagem-título, aqui vivida por Rosario Dawson.


Por isso, não chega a ser uma surpresa que Ahsoka se porte como uma sequência dessas animações, embora oficialmente seja um spin-off de O Mandaloriano. A trama se centra na busca da protagonista por evidências que confirmem que o Almirante Thrawn (Lars Mikkelsen) — um dos maiores antagonistas de Star Wars, seja no Universo Expandido ou no atual da Disney — pode ser liberto do seu exílio e assim por a galáxia em risco. Para isso ela se une a duas das protagonistas de Rebels: Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo) e Hera Syndulla (Mary Elizabeth Winstead), com Sabine se envolvendo pessoalmente nessa missão para resgatar seu amigo Ezra Bridger (Eman Esfandi), que foi o responsável pelo exílio de Thrawn, mas desapareceu junto com ele.


A adição dos personagens de Rebels em suas versões live-action é certamente um grande presente para os fãs. Em particular, Bordizzo e Esfandi se destacam em suas versões dos personagens, ainda que uma determinada atitude de Sabine na metade da série possa mudar e muito o olhar do público sobre ela (e não tenha suas consequências ainda devidamente trabalhadas). Ainda assim, a atriz sustenta a atitude impetuosa da personagem, e sua química fraternal com Esfandi (que irradia carisma) é um grande acerto. Infelizmente, Winstead, mesmo sendo um dos rostos mais conhecidos aqui, tem pouco a fazer com sua Hera além de dar um vislumbre das políticas da Nova República; contudo, assim como na última temporada de Mandaloriano, a abordagem de Filoni para o lado político da franquia é rasa e redutora, especialmente depois de tudo o que vimos em Andor no ano passado.

Foto: Divulgação


Felizmente, se há algo em que a série acerta é nos seus antagonistas, mantendo a tradição da franquia em entregar vilões memoráveis. Como Thrawn, Lars Mikkelsen (que já havia dublado o personagem em Rebels) entrega um prenúncio da astúcia e perigo do personagem, justificando-o como um dos maiores adversários da história de Star Wars. Mas quem rouba a cena é Ray Stevenson como Baylan Skoll, um ex-jedi envolvido nos planos da libertação do vilão e que serve de oposto à Ahsoka, especialmente por fugir do maniqueísmo habitual da franquia. A visão dada pela série ao personagem é tão interessante — e potencializada pela atuação magnética de Stevenson — que só posso lamentar ainda mais pela morte repentina do ator em maio deste ano, especialmente diante do final deixado para Baylan, que nos prometia grandes coisas para ele.


Bom, mas e sobre Ahsoka, a protagonista? É aqui que pode se identificar alguns dos principais problemas da série. Não por culpa de Dawson, que consegue entregar maravilhosamente bem uma versão mais velha daquela personagem imatura e impetuosa de Clone Wars, e sustenta uma deliciosa dinâmica com o droide Huyang, dublado por David Tennant. Entretanto, pelo menos em sua primeira metade, Ahsoka parece se esquecer de que ela é a protagonista, tomando muito do seu espaço e tempo para dar a outras subtramas. Isso muda a partir do quinto episódio, onde temos o retorno de Hayden Christensen como Anakin Skywalker/Darth Vader e uma abordagem incrível da relação de mestre e aprendiz dele com Ahsoka; contudo, até o último episódio fica a impressão de que dar à série o nome da personagem foi injusto, já que o que temos aqui é mais uma nova temporada de Rebels do que uma série propriamente dita dela.


Claro, Filoni e os diretores escolhidos sabem compensar isso com uma identidade visual marcante e que honra os aspectos mais fortes de Star Wars, inclusive nos duelos de sabre de luz, que prestam a devida homenagem aos filmes de samurai que tanto influenciaram a franquia. Além disso, há uma abertura aqui para adições à mitologia desse universo que me deixaram bem animado, como bruxas e zumbis (!), mostrando que há sempre espaço para o novo.


Entretanto, o final aberto trai mais uma vez a proposta da série, que foi vendida como uma minissérie. Fica a sensação, cada vez mais recorrente nas produções de Star Wars nas mãos da Disney, de que tudo aponta para um “vem aí”, para a próxima produção, além da overdose de fan-services para mascarar problemas maiores. É a herança maldita dos filmes da Marvel, e que nos impede de apreciar e até analisar uma série como essa por si mesma. Até a decisão de enfocar na continuidade em relação a Clone Wars e Rebels já parece um esforço de limitar o público que aproveitará 100% a série, como se ela fosse pensada para um nicho específico dentro dos fãs da franquia. Como alguém que só assistiu a primeira temporada de Clone Wars, foi nítido como certos elementos e fan-services da série me passaram despercebidos, embora a evolução da trama tenha me permitido admirá-la como um todo sem tanto conhecimento prévio.


Não há dúvidas de que Dave Filoni sabe como ninguém trazer muito da identidade que George Lucas construiu para Star Wars, e isso é evidente aqui em Ahsoka. Mesmo com seus problemas de foco, a série se firma como uma das experiências mais positivas dentro do que tem sido feito da franquia para a televisão. Entretanto, antes de embarcar nela é preciso um ajuste de expectativas, já que temos um bocado da togruta imortalizada nas animações e consolidada na performance de Dawson, mas talvez não o bastante para dizer que essa série pertence a ela.


Nota: 3,5/5

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