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Foto do escritorVinicius Oliveira

Análise | Andor 1x04 ("Aldhani")

Todo mundo está escondendo alguma coisa.

Divulgação: Disney+


Em seu quarto episódio, Andor mais uma vez desacelera o ritmo, estabelecendo uma transição entre a jornada mais íntima de seu protagonista na trinca inicial de episódios e o escopo cada vez maior envolvendo as lutas internas e externas da Aliança Rebelde e do Império. Os críticos do ritmo mais lento não se calarão, mas é fascinante ver a série tomando seu próprio tempo para explorar uma narrativa que promete ser cada vez mais expansiva e ambiciosa, sem perder de vista o desenvolvimento dos seus personagens.


O lado político de Star Wars – que nunca recebeu o tratamento devido nos live-actions que George Lucas pretendia – ganha força aqui, com o roteiro oferecendo mais camadas e nuances a Luthen Rael (Stellan Skarsgard), o misterioso personagem que recrutou Cassian (Diego Luna) no episódio passado. Aqui descobrimos que não apenas ele opera sob o disfarce de um negociante de artes em Coruscant, mas que ele tem contato direto com a senadora Mon Mothma (Genevieve O’Reilly), que já conhecemos antes como a futura líder da Aliança e que neste ponto da cronologia ainda é uma política do Império, mas que secretamente obtém fundos para os rebeldes. Ambos os personagens precisam se valer de subterfúgios para jogarem o perigoso jogo no qual estão envolvidos, e a série habilmente constrói uma tensão sufocante em volta da possibilidade deles serem desmascarados e fracassarem em sua missão.


Ao mesmo tempo, há uma maior exploração e enfoque no lado dos antagonistas, com o Império efetivamente sendo introduzido na trama. Porém, não espere ver o Imperador, Darth Vader ou Moff Tarkin: mantendo-se fiel à proposta dos primeiros episódios, vemos uma espécie de “FBI” Imperial que ilustra não só o lado mais burocrático dessa ditadura, como também os jogos de poder e as intrigas políticas, através da figura da ambiciosa Dedra Meelo (Denise Gough), que passa a investigar o dispositivo roubado por Cassian e vendido à Luthen no episódio passado. Essas partes foram uma excelente adição, já que nem as suspeitas de Dedra conseguem bater de frente com a imensa estrutura burocrática do Império, e é fácil perceber porque eles serão lentos em perceber as ações dos rebeldes antes que seja tarde demais. É uma pena que a introdução desse núcleo implique em uma diminuição do espaço de Syril Karn (Kyle Soller), que se configurou como o antagonista principal dos três primeiros episódios, mas não duvido que o personagem ainda terá relevância na narrativa e eventualmente até mesmo se juntará à Dedra em sua caçada a Cassian.


Essa ampliação de novos espaços e núcleos acaba tirando um pouco do brilho da própria trama de Cassian, que se junta a um grupo de rebeldes em um planeta florestal em circunstâncias adversas. A missão para a qual ele foi recrutado por Luthen não é nada simples, e seus novos companheiros não o aceitam bem, mas ainda assim é uma introdução tímida que, no entanto, deve ser recompensada nos próximos episódios. É evidente que Andor deve adotar uma estrutura de arcos compostos de três episódios, mas sem perder a fluidez de uma trama mais serializada.


O fato desse episódio ser lançado individualmente em contraste com os três primeiros pode frustrar aqueles que esperavam um modelo de lançamento de três episódios por semana, mas da minha parte me vejo fortemente cativado pelo ritmo metódico que a série vem adotando, num contraste distinto com as outras séries de Star Wars ou do Disney+ e streamings num geral. É pouco provável que Andor vá receber a mesma atenção dada às outras obras situadas nessa galáxia tão, tão distante, mas é nítido seu planejamento narrativo. Com novos jogadores em cena, o retorno a alguns cenários muito queridos (Coruscant é talvez meu planeta favorito de toda a saga) e a manutenção desse senso de construção de mundos orgânicos, imersivos e palpáveis, a série continua na disputa por ser uma das melhores criações do universo de Star Wars.



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