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  • Foto do escritorVinicius Oliveira

Análise | Andor 1x05 (“The Axe Forgets”)

A grandeza dos pequenos detalhes.

Divulgação: Disney+


"O ritmo da repressão ultrapassa a nossa capacidade de entendê-la. Esse é o truque da máquina Imperial de pensamento. É mais fácil se esconder atrás de 40 atrocidades do que de um único incidente."


A essa altura, está mais do que clara a estrutura de Andor de trabalhar mini-arcos estruturados em três episódios, de modo que aqueles que esperam ver a invasão à base Imperial prometida no episódio anterior certamente se frustrarão. Entretanto, a lentidão de The Axe Forget não é de forma algum impeditivo, porque a série parece refinar cada vez mais seu ritmo e capacidade de imersão não só nos mundos que apresenta, como também no interior de seus personagens.


O episódio investe boa parte do seu tempo em nos aproximar do heterodoxo grupo de rebeldes aos quais Cassian (Diego Luna) se une, em especial o idealista Nemik (Alex Lauther) e o desconfiado Skeen (Ebon Moss-Bacharach). A desconfiança mútua e a tensão pela chegada repentina de Cassian é palpável, e direção e roteiro fazem um ótimo trabalho em lentamente aproximar o grupo do protagonista antipático (e eu adoro que Cassian não é um personagem fácil de gostar!). Ao conhecermos mais de cada um, suas motivações e particularidades, não deixamos de nos envolver com eles – e sinto que esse é um prenúncio de que perderemos alguns deles na próxima semana, quando o ataque enfim se concretizar.

Divulgação: Disney+


Paralelamente, a série continua a humanizar seus demais núcleos, tanto do lado dos rebeldes quanto dos antagonistas. Mesmo aparecendo em uma única cena, Luthen (Stellan Skarsgard) transparece suas inseguranças sobre se o plano que criou dará certo, enquanto Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) está cada vez mais alienada de sua família e em um estado de alerta constante pelo risco de ter sua conexão com a Aliança Rebelde descoberta. Do outro lado, Dedra (Denise Gough) também é relegada a uma única cena, mas podemos ver que ela está longe de ser uma burocrata ineficaz como vimos outros personagens serem; pelo contrário, sua capacidade de observar um padrão em meio à aleatoriedade de ataques e roubos que o Império vem sofrendo é um forte sinal de que em breve a veremos no encalço de Cassian e seus novos aliados. E eu não duvidaria de que em algum momento ela se juntasse a Syril (Kyle Soller), que recebe bastante espaço neste episódio, seja sob o jugo da sua mãe (Kathryn Hunter) quanto na sua nítida obsessão em pegar Cassian, de modo que consigo visualizá-lo perfeitamente como uma versão espacial do Inspetor Javert (de Os Miseráveis).


Claro que muito disso é um enorme “vem aí”, mas na qualidade de um episódio de transição (ou segundo ato do presente mini-arco), The Axe Forget continua o processo de encher o universo de Star Wars com um realismo e organicidade que enriquecem a saga, sem deixar de movimentar sua trama ou desenvolver seus personagens através de detalhes e gestos simples, mas que revelam muito de seus mundos interiores. Talvez fosse melhor à série ter três episódios lançados por semana? Sim, mas gosto da ousadia de Andor em não se render às expectativas de um público que anseia por entretenimento barato. Não há dúvidas de que o próximo episódio entregará mais ação, mas são nos momentos ordinários como uma refeição e nos diálogos politicamente carregados que a série evidencia sua grandeza e o frescor que traz para Star Wars.


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