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  • Foto do escritorVinicius Oliveira

Análise | The Last Of Us 1x03 ("Long, Long Time")

A beleza do amor e das conexões mesmo em meio ao apocalipse

Divulgação: HBO


É sempre um desafio para uma série desviar sua narrativa principal em um episódio relativamente auto-contido, com personagens que não seus protagonistas, sem que isso pareça um filler. Mais desafiador ainda é fazer isso ainda no terço inicial da sua primeira temporada, numa obra que, por ser uma adaptação de um dos jogos mais famosos de todos os tempos, é constantemente cobrada pelos fãs da obra original para ser a mais fiel possível. Mas The Last of Us abraça esses desafios e já em seu terceiro episódio entrega o que pode ser um clássico instantâneo da TV.


Ainda que vejamos Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) nos minutos iniciais - com direito a mais um vislumbre do latente e perturbador interesse da garota pela violência -, 'Long, Long Time' não é sobre eles, ao menos não diretamente. É a história de um homem solitário, fechado e paranoico que estava confortável em sua solidão até conhecer o amor de sua vida.


Ver Nick Offerman como Bill é simplesmente um deleite, devido à sua composição do personagem - é fascinante a sua linguagem corporal de um homem fechado para o mundo muito antes do apocalipse. É como ver uma versão mais séria e mais ancap do seu icônico Ron Swanson de Parks and Recreation, e o episódio não precisa de muito para mergulharmos no seu mundo particular conforme aproveita os dias iniciais dessa pandemia para obter o máximo de suprimentos possíveis e se isolar de uma vez por todas. É ainda mais poderoso ver sua armadura e suas fortalezas se quebrarem após conhecer Frank (Murray Bartlett), e o que deveria ser apenas uma gentileza a um estranho se converter numa união que atravessa décadas e supera todos os obstáculos possíveis.


A montagem é eficaz em costurar os saltos temporais que nos permitem acompanhar a evolução do relacionamento deles (com direito a um breve encontro com personagens que já conhecemos), mas de nada essas costuras adiantariam se Offerman e Bartlett não nos fizessem acreditar que, mesmo em meio ao fim do mundo, um amor como esse poderia brotar e florescer. A forma como o episódio consegue traçar paralelos entre o casal e a jornada de Joel e Ellie é simples, mas poderosa, e a decisão de trazer uma espécie de epílogo após a conclusão da jornada dos dois homens reforça essa conexão entre ambos os pares, algo potencializado pela canção de Linda Ronstadt que dá título ao episódio e ecoa perfeitamente a mensagem aqui passada.


'Long, Long Time' se distingue dos episódios anteriores ao fazer um desvio ousado da narrativa que, no entanto, a amplifica, fechando uma espécie de “primeiro ato” da história de Joel e Ellie e solidificando o laço entre eles. Mais que isso, porém, é a prova de que a série não pretende viver à sombra do jogo, sabendo alterar e expandir onde necessário como toda boa adaptação deve saber fazer, e não apenas seguir à risca a obra original para agradar um nicho. Através da beleza e da sensibilidade da relação de Bill e Frank, a série nos deixa claro que, não importa o mais desolador dos cenários, não estar sozinho sempre nos ajuda a seguir em frente.

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