Exagero de referências de horror transforma longa em uma grande história sem foco
Foto: Divulgação/ Netflix
Ter o nome de Marjorie Estiano no elenco já chama muita atenção de grande parte do público. E é nesse mote principal que Abraço de Mãe, o mais novo filme brasileiro da Netflix, chegou à plataforma nesta quarta-feira, 23. Com pouca cerimônia, o marketing do filme se concentra na figura de Marjorie, protagonista do longa, para atrair os telespectadores para uma história de horror contada quase toda no mesmo cenário.
Dirigido pelo argentino Cristian Ponce, o filme é ambientado no Rio de Janeiro durante a noite da histórica tempestade tropical de 1996 e nós acompanhamos Ana (Marjorie), uma bombeira que é chamada para uma ocorrência em uma casa que funciona como um pensionato de idosos e pessoas abandonadas que está à beira de desabar. No entanto, os misteriosos residentes do local têm planos sinistros e perturbadores. Conforme a tempestade se intensifica, Ana se vê confrontada não apenas com o perigo iminente, mas também com traumas profundos de seu passado e à medida que a noite avança e os eventos se desenrolam, Ana descobre que o verdadeiro horror pode estar mais próximo do que imaginava.
O filme se desdobra em duas camadas temporais: uma em 1973, quando Ana, ainda criança, sofreu um trauma causado por sua própria mãe, e a segunda, em 1996, onde vemos o reflexo dessa situação na vida adulta de Ana. Sem dúvidas, essas idas e voltas no tempo dentro da trama funcionam bem para entendermos a complexidade da personagem, mesmo que tudo seja pouco aproveitado dentro de um roteiro que parece não saber para onde quer chegar.
Foto: Divulgação/ Netflix
Falando acerca do seu grande mistério e do suspense da trama, Abraço de Mãe tem claras referências a um horror no estilo de Lovecraft, porém, ele se perde em meio a um roteiro que em momentos beira o suspense, em outros um terror sobrenatural e em outros algo meio não identificável em um amontoado de referências mal usadas. No contexto da história, esse mix de vários gêneros também atrapalha o andamento da trama, que começa muito instigante e termina aquém das expectativas.
Focar em Marjorie, como comentei acima, realmente pode ter sido uma boa saída. Ela é a melhor coisa do filme e entrega uma atuação muito convincente, nada surpreendente para uma das atrizes brasileiras mais completas da atualidade. O elenco coadjuvante também funciona bem, mas falta tempo de tela e espaço de maneira geral dentro do contexto do filme. Outro ponto positivo é a ambientação e a fotografia, que conseguem colocar o telespectador dentro daquela infame noite carioca sem perder sua originalidade.
De forma geral, Abraço de Mãe não é uma experiência ruim, mas se torna cansativa com sua falta de foco e grande mistureba de referências para agradar um público repleto de expectativas. A produção da Netflix decepciona e não consegue trabalhar bem uma história que tinha grandes chances de dar certo pelo talento presente no longa. Uma pena.
Nota: 2,5/5
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