Resultado com execução pré-moldada e refém de Silvero contradiz proposta esperada
Foto: Divulgação/ Prime Video
Maníaco do Parque mergulha na história do maior serial killer brasileiro, o motoboy Francisco (Silvero Pereira), que foi acusado de atacar 21 mulheres, assassinando dez delas e escondendo seus corpos no Parque do Estado, em São Paulo no final dos anos 90. A história do assassino e os detalhes da sua psicopatia são revelados por Elena (Giovanna Grigio), uma repórter iniciante que enxerga na investigação dos crimes cometidos pelo maníaco a grande chance de alavancar sua carreira. Enquanto Francisco segue vivendo livre e atacando mulheres, sua fama na mídia sensacionalista cresce vertiginosamente, gerando terror na capital paulista.
Acompanhei um pouco a divulgação da equipe desse filme que sempre estava afiada com o discurso de que o longa vinha como uma espécie de “homenagem” às vítimas e o foco era contar a versão das mulheres em vez das motivações do Francisco. Pois bem, não se fez nem uma coisa nem outra. Se o filme tinha qualquer interesse em pautar seu direcionamento para além do assassino ele ficou apenas na intenção, porque tudo que acontece e se imprime em cena gira em torno do maníaco, em torno de Silvero, e, para além disso, nem tudo funciona por mais que siga uma fórmula para lá de repetida.
O roteiro não almeja fazer um ensaio psicológico de causas e raízes dos problemas ou transtornos que fizeram do protagonista o infame serial killer, mas é apenas nos minutos finais que o texto se aproxima do que estava buscando desde o início, ser porta-voz das figuras femininas da história, reais e fictícias. Então ao final tem-se um texto sem identidade e que, seguindo os passos e clichês mais famosos do arroz com feijão de true crimes, não encontra um viés para se consolidar, apelando para frases prontas de lição de moral e palestrinhas.
Foto: Divulgação/ Prime Video
Silvero Pereira é uma força da natureza seja fazendo o que estiver afim. Este é o primeiro filme de sua carreira onde o ator dar vida a um personagem real e a um tipo completamente destoante de seus outros trabalhos – até mesmo do icônico Lunga – e ainda assim ele parece confortável com todas as decisões que toma ao construir um Francisco que assusta, que surpreende e que rouba a atenção sempre que surge.
Também num papel diferente do que fez até então, Giovanna Grigio usa o que foi oferecido para montar uma personagem construída em cima de recortes e colagens de absolutamente todos as outras jornalistas femininas que tentam se provar à altura do meio masculino onde está inserida já interpretadas no cinema. Ela divide o protagonismo com Silvero em teoria, mas na prática e na execução acaba engolida pelas reincidências.
O filme acerta quando usa de ironias e alívios cômicos para apresentar, por exemplo, a mídia sensacionalista de programas policiais e elementos culturais dos anos 90, e acerta também na construção das cenas mais tensas e sensíveis dos assassinatos, e acredito que tenha faltado mais de ousadia descompromissada com o querer fazer true crime que pode ter bloqueado a criatividade narrativa para além do que já se tem preconcebido ao gênero.
Mesmo ao final parece que pouca coisa foi contada, ou pelo menos enfatizada, e se fica esperando que aconteça mais, explique mais, convença mais (ou melhor).
Nota: 2/5
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