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  • Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Motel Destino

Thriller cearense vibra em cores saturadas e explode em muito tesão

Foto: Divulgação


Sob o céu em chamas numa beira de estrada do litoral cearense, o Motel Destino é palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Uma noite, a chegada do jovem Heraldo (Iago Xavier) transforma em definitivo o cotidiano do local e com a dinâmica do casal de donos e administradores do motel, Elias (Fabio Assunção) e Dayana (Nataly Rocha).


Karim Aïnouz é hoje indiscutivelmente o diretor de cinema cearense mais popular dentro e fora do Brasil, e mesmo ele tendo feito trabalhos notáveis fora do estado e mesmo do país, ele mostra que é em casa que ele se expande. Motel Destino é um longa vibrante, pulsante e extasiante. Tanto na questão plástica quanto no enredo. Tudo é demais, exagerado e consegue se justificar e se sustentar com isso.


O texto do filme traz elementos do noir, um suspense bem compassado, translúcido, sem espaço para interpretações dúbias, mas ao mesmo tempo cheio de camadas, cheio de subtexto, cheio de justificativas que servem como alicerce para a criação e desenvolvimento num terreno firme. O recorte representado pelo trio protagonista reflete com pesar, com ira e ao mesmo tempo com um bom humor orgânico estruturas sociais cheias de amarras e repressões que encontram no espaço quase místico do motel o ambiente para perfeito para desinibir fantasias, medos e, ao mesmo tempo que as pessoas se desnudam, se cobrem com o absurdo.

Foto: Divulgação


O elenco principal opera em perfeita sintonia com seus personagens complexos e carismáticos. Iago Xavier faz sua estreia no cinema entregando uma atuação visceral e honesta, com muita sinceridade no tom de sua voz e muita paixão no olhar. Fabio Assunção toca o vilanesco com uma frieza cruel e hipócrita, mas ao mesmo tempo cheio de humanidade frágil, contraste equilibrado que apenas um talento bastante expressivo é capaz de lidar muito bem. E em meio ao campo minado presente entre eles Nataly Rocha passeia com a sua Dayana sem qualquer receio de explodir, arriscada, impulsiva, cheia de vida e cheia de vontade de mudança, seja ela qual for, para bem ou para mal.


A produção é pintada em cores estouradas e vivas que se sobressaem na textura da película, criando cenas acesas e quentes nos planos filmados em cenários naturais do litoral cearense, e nos cenários fechados do motel, os tons neon brilham criando giallo tropical com personalidade própria. É um filme sem vergonha, sem pudor e sem o menor interesse em parecer pudico. Tem sexo, tem nudez, tem sensualidade, tem desejo. E as cores servem bem para exaltar essa ânsia dos personagens, pelo prazer, pela ganância, pela liberdade.


Os minutos finais mereciam um refinamento melhor e maior no argumento, parece que esses instantes não conseguem acompanhar a intensidade de tudo que antecedeu e perdem boa parte da força que segurou a narrativa até ali, mas mesmo isso não consegue tirar o impacto da experiência visual tórrida e da história translúcida e encorpada.


Nota: 4,5/5

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