Longa baseado em um caso real tenta resumir história densa e complexa em apenas duas horas de produção e falha na falta de profundidade
Divulgação: Netflix
Nesta quarta-feira, 26, a Netflix lançou mais um conteúdo voltado ao gênero dos crimes reais. Desta vez, a plataforma trouxe para o público a história do enfermeiro Charles Cullen, considerado um dos serial killers com mais vítimas na história dos Estados Unidos. A dramatização do crime para as telas foi inspirada no livro-reportagem "O enfermeiro da noite: Uma história real de medicina, loucura e assassinato" de Charles Graeber.
O filme de aproximadamente duas horas traz no elenco nomes de peso como Jessica Chastain e Eddie Redmayne. Na sua trama, conhecemos Amy (interpretada por Chastain), uma enfermeira sobrecarregada que trabalha na área da UTI. Além disso, ela precisa dar conta da vida de mãe solteira e lidar com uma doença recém diagnosticada.
A ajuda e o apoio chegam com o novo enfermeiro do hospital. Charlie (Redmayne) logo se aproxima de Amy após os dois compartilharem longos plantões durante a madrugada e se tornam grandes amigos. Porém, quando Amy encontra dois detetives investigando uma morte suspeita no hospital, ela começa a desconfiar de Charlie e vê a sua vida e a vida dos seus pacientes correrem perigo.
Divulgação: Netflix
Acredito que a decisão de transformar a história em um filme e não em uma minissérie, por exemplo, tenha prejudicado a profundidade da obra. São muitas nuances, camadas e personagens que poderiam ter sido explorados, especialmente no que diz respeito à história de Charles e os diversos outros crimes cometidos por ele e da investigação policial em si. Além disso, o ritmo lento do filme em seu primeiro ato também pode afastar alguns telespectadores que curtem o gênero do suspense e esperavam algo mais frenético da obra.
Porém, esse clima meio slowburn de “O Enfermeiro da Noite” causa uma progressão interessante na trama e mesmo tirando a paciência de alguns, parece uma proposta intencional que busca mostrar um pouco da natureza criminal de Charlie e de como o crime se perpetuou por tanto tempo, encoberto pelas grandes corporações que administram os hospitais particulares dos EUA.
Com dois vencedores do Oscar no elenco principal, era esperado que o filme entregasse boas atuações. Mas, Eddie e Jessica também demonstraram ter uma química primorosa em cena, especialmente em momentos muito tensos. Eddie incorpora bem o personagem e cria uma faceta de inofensivo em Charlie que funciona muito bem. Ele não é aquele personagem aterrorizante e esquisito desde o começo e isso causa também uma sensação de choque ao telespectador à medida que vamos descobrindo as coisas junto com a Amy.
Utilizando bem o tom cinza durante todo o filme, o diretor Tobias Lindholm consegue colocar nas telas uma obra coesa, bem estruturada e com ótimas atuações dentro da plataforma da Netflix. E, mesmo com falta de profundidade em alguns momentos, é possível ter uma dimensão como os crimes cometidos por Charlie foram capazes de destruir vidas por todo lugar em que ele passava. “O Enfermeiro da Noite”, no final das contas, é uma obra assustadora por ser real e te faz refletir mesmo depois da subida dos créditos e do apagar das telas.
Nota: 3,5/5
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