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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Novo longa da Marvel Studios traz vigor e emoção e coroa Chadwick Boseman como um nome atemporal

Divulgação: Marvel Studios


A produção Marvel Studios retorna ao fictício país de Wakanda para mostrar como a nação está seguindo em frente após a morte de seu rei T'Challa. Em paralelo a isso introduz Namor e o reino subaquático de Talokan, que são cheios de motivos para odiar o mundo fora d’água. Esse é apenas o quarto longa-metragem de Ryan Coogler como diretor, e ele apresenta personalidade (especialmente em cenas de ação) e força num filme que tinha muito para dar errado, uma vez que o roteiro original estava sendo planejado para uma continuação com Chadwick Boseman.


Boa parte da aventura carrega um saudosismo merecido a Chadwick – ator que deu vida ao Pantera Negra (T'Challa) entre 2016 e 2020, quando faleceu aos 43 anos vítima de um câncer de cólon. O longa tem Chadwick Boseman nas entrelinhas de todo o filme, em falas e em trejeitos – mostrando que a atmosfera criada no primeiro filme se deu, boa parte, por conta do talento, da entrega e do carisma de Chadwick. O tema principal do roteiro é dor. Como lidar com a dor, como seguir em frente e como usar essa dor para reconstrução pessoal e reconstrução social (a narrativa faz questão sempre de destacar que o social é a base de tudo que acontece em Wakanda). Então, mais do que o primeiro filme, Wakanda Forever é um filme cheio de significados internos e externos à própria produção.

Divulgação: Marvel Studios


O elenco estelar por vezes parece estar num experimento onde precisam balancear suas emoções reais com as emoções dos personagens. E embora todo esse elenco esteja apresentando atuações afiadas, nessa continuação quem se destaca são as atrizes Letitia Wright e a impositiva Angela Bassett.


Mas apesar de muito comovente o filme soube lidar com sua grande perda e ter um ritmo leve e dinâmico, apesar de sua longa duração. Eu estava esperando uma atmosfera mais densa, mais introspectiva, mas ele lida com esse peso muito bem.


Um interessante movimento que vem acontecendo há alguns anos nos filmes de heróis mais “naturalistas” é adaptar a história do vilão para serem identificados como mentes mal compreendidas em vez de seres motivados por formas brutas de maldade e inveja. E é fácil de entender que as produções tentam se aprofundar nas relações humanas em vez de focar no maniqueísmo puro. Com isso, o personagem Namor (Tenoch Huerta) entra para a seleta lista de vilões engajados em causas sociais que se tornam inimigos apenas por seus métodos e não necessariamente por suas motivações.

Divulgação: Marvel Studios


Todos os aspectos estéticos embasados em afrofuturismo e pan-africanismo que ajudaram a consolidar Wakanda no imaginário popular no primeiro filme voltam ainda mais chamativos e vibrantes com destaques para os figurinos de Ruth E. Carter e para o sólido design de produção de Hannah Beachler (ambas ganhadoras do Oscar pelos seus trabalhos no primeiro filme do herói). A trilha sonora também ajuda na imersão e preenche bem os espaços dos reinos onde a história de desenrola.

 

Voltando ao roteiro, ele traz sim surpresas além daquelas apresentadas nos trailers e promos, mas o molde engessado das produções cinematográficas Marvel de se contar histórias impede que ele cresça ainda mais do que poderia (e deveria) em si e em suas mitologias, e é obrigado a engatar nós com o MCU que tomam o tempo e tiram o impulso do filme como obra isolada. Não tem personalidade forte o suficiente na direção que se sustente com um roteiro que constantemente está te lembrando que é um filme Marvel com as piadocas, frases de efeito e diálogos explicativos.

 

Partindo do fato de que é um filme que teve que ser todo remodelado para a criação de uma nova proposta após a perda de seu principal nome, e estando numa época em que os filmes e séries de heróis parecem estar saindo de uma fábrica de produção seriada, Wakanda Para Sempre traz vigor, traz emoção e coroa Chadwick Boseman como um nome atemporal.


Nota: 4/5

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