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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Quando Eu Me Encontrar

Protagonista desinencial em roteiro sobre o vazio físico se encaixam muito bem em cena

Foto: Divulgação/ Embaúba Filmes


A partida de Dayane se desenrola na vida daqueles que ela deixou para trás. Sua mãe, Marluce, faz de tudo para não demonstrar o choque que a partida da filha lhe causou. A irmã mais nova de Dayane, Mariana, enfrenta alguns problemas na nova escola onde está estudando. Antônio, noivo de Dayane, se vê num vazio diante da partida dela e busca obsessivamente por respostas.


O primeiro longa-metragem das cineastas Amanda Pontes e Michelline Helena é um filme esperto e bem encorpado. A proposta de roteiro à la Rebecca, a Mulher Inesquecível (1940) – de ter uma protagonista que não vemos e só conhecemos através dos personagens que por ela orbitam – é um trunfo que prende a atenção do espectador com firmeza e conduz a narrativa com fluidez. Com sensibilidade e delicadeza, o texto aborda a ausência de quem parte repentinamente e como esse espaço físico afeta as pessoas que lidavam diretamente com que partiu. A falta de detalhes sobre o paradeiro de Dayane deixa a trama sempre instigante e fresca, e os personagens bem construídos conseguem preencher as camadas ao mesmo tempo que dão profundidade e credibilidade ao argumento.

Foto: Divulgação/ Embaúba Filmes


A produção flerta com o musical enquanto gênero, existem cenas em que personagens chegam a cantar e a música serve como canal de progressão da história, e existe cena em que a música, como trilha sonora, mesmo não sendo enunciada pelos atores, também intensifica as emoções e catalisa a cadência dos fatos.


O elenco está deslumbrante. Destaque para a dinâmica orgânica da relação entre as atrizes Luciana Souza e Pipa, que brilham em cena. David Santos é outro nome que merece atenção, o ator que esteve em Motel Destino imprime um personagem vulnerável e complexo e que também funciona bem com quem divide a maior parte de seus momentos, a elegante Di Ferreira e o talentoso Lucas Limeira.


No entanto, mesmo com uma boa condução narrativa e com um corpo de atores agudo, talvez o maior obstáculo do completo êxito seja o desfecho dos personagens que não consegue atingir, de maneira geral, um ponto satisfatório conclusivo a altura de suas motivações iniciais. De toda forma, é na maneira que as diretoras filmam a experiência de conhecer pessoas que resistem a perdas, e tentam ressignificar espaços, que reside a força e a beleza do longa, e nisso ele se sai muito bem.


Nota: 3,5/5

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