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  • Foto do escritorVinicius Oliveira

Crítica | Slow Horses (2ª temporada)

Velhos inimigos num mundo contemporâneo

Divulgação: Apple TV+


Baseada nos livros homônimos de Mick Herron, 'Slow Horses' se distancia da espionagem glamourosa de universos como o de 007 para se aproximar da abordagem mais crua e realista dos livros de John Le Carré, com um toque de cinismo e humor muito próprios. A série acompanha os personagens-título, um grupo de agentes desgraçados do MI-5 que são exilados em um setor chamado Slough House, e comandados pelo detestável e hilário Jackson Lamb (Gary Oldman).


A segunda temporada, lançada apenas 7 meses após o encerramento da primeira, acompanha os Slow Horses envolvidos em núcleos que a princípio parecem fragmentados: Lamb busca investigar a estranha morte de um ex-colega dos tempos da Guerra Fria; Louisa (Rosalind Eleazar) e Min (Dustin Demri-Burns) trabalham pela segurança do encontro da vice-diretora do MI-5, Diana Taverner (Kristin Scott Thomas), e um oligarca russo; e River (Jack Lowden) é enviado em uma missão para se infiltrar em uma pequena cidade interiorana. Contudo, esses núcleos nunca parecem isolados uns dos outros, e aos poucos convergem para a trama principal da temporada, que é o reaparecimento de espiões russos da época da KGB e seus agentes adormecidos.


Não sei até que ponto a ideia de trazer russos como os vilões da temporada foi uma coincidência ou intencional em decorrência da Guerra da Ucrânia, mas a verdade é que eles (e os agentes adormecidos) nunca deixaram de ser apresentados como antagonistas em produções ocidentais depois da queda da URSS. Assim, o anticomunismo de 'Slow Horses' não chega a ser uma surpresa, mas mesmo com um arquétipo tão batido, essa temporada consegue facilmente eclipsar a primeira (que já era ótima), o que é surpreendente, considerando o pequeno intervalo entre as duas. Mesmo com a divisão dos núcleos, é fascinante acompanhar cada um deles, especialmente quando começam a convergir e as peças do intrincado quebra-cabeça dessa temporada formam o quadro geral.

Divulgação: Apple TV+


Na pele de Lamb, Gary Oldman se mostra completamente à vontade e entrega um dos personagens mais memoráveis da sua brilhante carreira. Seu protagonista é um turrão, bêbado, grosseiro, cínico e sujo (você é capaz de sentir seu fedor pela tela), e ainda assim de alguma forma nos pegamos torcendo por ele e nos admirando por ele. Sendo um personagem tão pouco ortodoxo, mesmo sua vingança não soa ortodoxa, especialmente quando outros personagens são mortos - incluindo uma perda na metade da temporada que me devastou bastante, e que mostrou que a série não está para brincadeira quando se trata de dobrar a aposta.


Como é de praxe com séries britânicas, 'Slow Horses' não excede os seis episódios, mas, embora desejasse que alguns elementos fossem melhor desenvolvidos - como os novos agentes da Slough House, Shirley (Aimee-Ffion Edwards) e Marcus (Kadiff Kirwan) -, aqui a curta duração da temporada é melhor trabalhada do que na primeira, onde certos elementos soavam mais apressados. Com a tensão crescendo a cada episódio e culminando num excelente final, o saldo geral da temporada é bastante positivo, aprofundando esses personagens enquanto constrói tramas ágeis e sucintas que sabem lidar com temas bastante contemporâneos, mesmo que não abram mão de velhos clichês das obras de espionagem. Mal posso esperar pela terceira temporada (cujo trailer já foi mostrado ao final desta) e ver mais da relação (nada carinhosa) de Lamb com seus subordinados e como eles salvarão a Inglaterra dessa vez.


Nota: 4/5

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