Nova série do universo de 'Game Of Thrones' prova que será tão grande quanto sua antecessora
Divulgação: HBO
Após dez episódios, “House of the Dragon” encerrou a sua primeira temporada no último domingo, 23, na HBO. A série prequel de "Game of Thrones" tinha a responsabilidade de igualar o sucesso da sua antecessora e tirar o gosto amargo do final de GoT da boca dos telespectadores. Sua trama se passa quase 200 anos atrás dos eventos que já assistimos e conhecemos uma Westeros vivendo na era de ouro da dinastia Targaryen. O arco é adaptado de 'Dança dos Dragões', uma das histórias mais importantes da família e disponível no livro 'Fogo & Sangue'.
Nos seus episódios iniciais, HotD traz a juventude da maioria desses personagens. Rhaenyra Targaryen e Alicent Hightower são interpretadas, neste primeiro momento, por Milly Alcock e Emily Carey. A dinâmica das duas nessa fase adolescente e a transformação de uma amizade leal para um antagonismo por conta das decisões ambiciosas de Alicent são um dos maiores acertos da série, pois ambas as atrizes interpretam as personagens de forma magistral.
Sem dúvidas, “House of the Dragon”, assim como outras produções da HBO, impressiona pela sua qualidade técnica. Os efeitos especiais da série realmente são acima do nível visto nas produções televisivas atuais. E, o que GoT errou em roteiro e em direção, HotD acerta. Em especial, eu destaco o tratamento dado às personagens femininas e diminuição da exposição desnecessária dos corpos das atrizes em cenas de sexo ou de violência, algo que era constante em “Game of Thrones”.
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Parte disso se dá pelo envolvimento de mulheres na sua produção e na direção da obra. Dos dez episódios, quatro são dirigidos e cinco são roteirizados por mulheres e os melhores da temporada, na minha opinião, saem das mãos e das mentes destas cineastas como o episódio cinco, intitulado "We Light the Way", e o episódio oito, um dos mais importantes da temporada, com o título de "The Lord of the Tides".
Também é indispensável comentar o grande envolvimento de George R. R. Martin em todo o processo da série. Sua presença garante, de certa forma, uma adaptação fiel com os seus escritos com adaptações e mudanças aprovadas pelo criador de “A Canção de Gelo e Fogo”. Por isso, certas diferenças entre o livro e a série foram bem recebidas dentro do contexto narrativo da história e de fato não chegaram a atrapalhar o seu grande arco principal.
“House of the Dragon” também tem suas falhas e a principal foi apressar um início para que o telespectador sempre tivesse alguma cena chocante pelo menos no final do episódio. Essa pressa, infelizmente, tirou algumas camadas das relações e dos personagens em certos aspectos e não trouxe profundidade para algumas histórias que poderão ser fundamentais no futuro. Com a cena final da temporada dando o pontapé inicial para a guerra em Westeros, tenho que dizer que a série deverá ter cenas ainda mais chocantes que GoT.
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Por último, mas não menos importante, o maior destaque da série vai para as profundas atuações do seu elenco fixo. Emma D'Arcy é uma Rhaenyra perfeita e sua postura, olhares e gestos parecem que saíram da imaginação do leitor e das páginas de “Fogo e Sangue”. Já Olivia Cooke é um fenômeno e sua interpretação faz com que o telespectador consiga sentir suas angústias e dores, mas, principalmente, quem está do outro lado da tela consegue nutrir o ódio pela personagem nos momentos em que ela merece.
Outro grande trunfo é a presença de Matt Smith. O ator tem uma habilidade única de construir um personagem que invoca todos os tipos de sentimento naqueles que assistem a série. Daemon Targaryen é, sem dúvidas, um dos personagens mais complexos do universo de ASoIaF e Matt deverá garantir muitos prêmios com a sua performance. Quem também deverá aparecer nas premiações é Paddy Considine como o rei Viserys I que entregou uma atuação esplendorosa enquanto víamos o personagem definhar cada vez mais. Além dos nomes citados, todos os outros atores da série merecem ser aclamados pelo trabalho na série.
Infelizmente, “House of the Dragon” só deve voltar às telas da HBO em 2024, mas deverá manter o telespectador curioso e ansioso até lá. Ainda veremos muito da “Dança dos Dragões” e HotD é a prova que o universo de Martin ainda pode ser muito explorado.
Nota: 5/5
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