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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | A Freira 2

Mais um terror com traços de fantasia cheio de regrinhas para tapar seus buracos

Foto: Divulgação


Dando continuidade à história do primeiro filme, o novo longa se passa na França em 1956, onde mais um padre é assassinado misteriosamente, seguindo o rastro de outras mortes de sacerdotes católicos pela Europa. A irmã Irene (Taissa Farmiga), sobrevivente do massacre cometido pelo demônio Valak no monastério da Romênia anos antes, logo é chamada para pelas autoridades da Igreja para enfrentar o que parece ser o retorno da entidade infernal.


Parece uma nova tendência no cinema de terror comercial que usam bastantes elementos aventurescos da fantasia para dar aspectos mais lúdicos para “o mal”. Não basta ser uma possessão, tem que ganhar superpoderes incontroláveis que um simples amarrado na cama ou um exorcismo não resolvem, tem que ter um duelo. Não basta uma forma de demônio, ele tem que vir como bode-lobisomem, como freira, como zumbi, etc. Ano passado, mesmo o cafona O Exorcista do Papa (2022) mostra o protagonista como um tipo de caçador de criaturas do que com um líder espiritual. James Wan nos dois primeiros Invovação do Mal esculpiu produções referência ao conseguir tratar possessões com uma, digamos, seriedade, onde os grandes exageros ficavam para o clímax do último exorcismo. Não coincidentemente A Freira 2 é dirigido por Michael Chaves, diretor de Invocação do Mal 3, o único dos filmes que trata a encarnação do mal mais como um monstro a ser derrubado na marra do que um ser sobrenatural que precisa de forma humana para se materializar.


Se você também achou o primeiro uma bomba, esse é consegue aparar várias arestas e se apresenta de forma mais madura. A primeira metade faz até parecer que tudo se encaminhará para uma boa conclusão de um bom filme, mas durante a segunda metade ele joga tudo para cima e se entrega às mais inimagináveis contradições e aos mais conhecidos clichês para gerar grandes momentos.


Foto: Divulgação


O longa toma algumas liberdades para fazer uma confusão – que em sua mitologia parece fazer todo sentido – e mistura a história de Santa Luzia com relíquias sagradas e o demônio Calak, e o resultado soa mais como uma caça ao tesouro no estilo Dan Brown do que um filme de sustos. Mas sim, existem bons momentos de suspense e o diretor Chaves exibe algumas boas ideias para os momentos de susto, mas tal qual uma pessoa que quer fazer surpresa, mas não consegue se conter e fica soltando dicas e indiretas, ele precisa toda hora antecipar esses momentos com closes, com explosões sonoras e com mudança na iluminação, como se o prenúncio do susto fosse um alerta para quem porventura estivesse distraído.


E a produção toda é sutil como um elefante. É tudo muito óbvio, muito na cara, muito explicado e muito simplório mesmo. Inclusive a resolução se dá através de uma sugestão de um personagem que aparece só pra isso, mas que expõem com detalhes o que está acontecendo e o que necessita ser feito para encerrar a celeuma. O espectador é tratado como a mais inocente das crianças que ainda não desenvolveu ao ponto de concluir que um mais um é dois. E não há qualquer uniformidade, qualquer padrão entre os filmes, entre os demônios, entre os santos, entre as relíquias e as vezes até mesmo entre a Igreja Católica. Cada acontecimento é regido por um conjunto de regras que vão tapar com pano fino os maiores buracos do roteiro.


Não sou o maior entusiasta de terrores introspectivos e metafóricos que deixam lacunas para quem estiver assistindo completar com suas subjetividades, mas quando se tem completamente o oposto parece uma afronta direta à nossa inteligência e capacidade de compreensão do básico.


Nota: 2/5

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