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Foto do escritorGabriella Ferreira

Crítica | A Queda da Casa de Usher (Minissérie)

Mike Flanagan se despede da Netflix com história de horror em seu mais alto nível

Foto: Divulgação


Finalizando um ciclo quase que perfeito das suas produções na Netflix, Mike Flanagan lançou, neste mês de outubro, sua última minissérie produzida pelo streaming. A Queda da Casa de Usher é uma de suas obras mais peculiares, interessantes e fecha com chave de ouro uma história de sucesso que rendeu muitas boas histórias para os amantes de terror.


Agora, Mike nos apresenta a família Usher, uma dinastia de bilionários da indústria farmacêutica, que está passando por um momento de crise: conforme o governo americano, liderado pelo promotor Auguste Dupin, tenta finalmente responsabilizar a família pelas milhares de mortes causadas pelo analgésico altamente viciante vendido por sua empresa, os herdeiros do magnata Roderick Usher começam a morrer, um a um, em circunstâncias violentas e misteriosas.


Em oito episódios, adentramos na história desta família, onde exceto o seu primeiro e o seu último capítulo (que introduz e finaliza a história), vemos cada um dos seis filhos protagonizando o restante dos seis episódios, com foco maior em suas particularidades e insanidades, em uma mistura poderosa de um terror psicológico com momentos que remetem a um terror mais gore e menos interpretativo.

Foto: Divulgação


A Queda da Casa de Usher reconstrói em sua trama elementos das obras do escritor Edgar Allan Poe na trama criada, roteirizada (sete dos oito episódios) e dirigida (quatro episódios) por Flanagan. As histórias de Poe contribuem com diversas referências, costuradas no roteiro de uma forma muito inteligente, sem perder a sua originalidade, criando sua própria identidade dentro de uma mitologia já bem estabelecida.


O drama familiar de Rodrick e de sua irmã Madeline começa muito antes da ruína da empresa dos dois e conhecer o passado ao mesmo tempo em que entendemos o presente na medida em que a série vai avançando é um dos méritos de como Flanagan amarra bem suas histórias. A dinastia é assombrada há décadas e Roderick relembra sua história abrindo, aos poucos, alguns mistérios ao espectador e ao detetive Dupin: algo sinistro aconteceu com sua mãe na sua infância, uma reviravolta no Ano Novo de 1980, e, hoje, uma espécie de maldição que recai sobre cada um de seus filhos.


Filhos esses que são desenvolvidos, cada, em cima de um problemático invólucro pessoal e muito bem interpretados pelos atores do Flanaverse. Prospero é o jovem bastardo e inconsequente, Leo é o maníaco obcecado, Camille é a controladora e viciada em trabalho, Victorine é a que quer resolver todos os problemas do mundo, passando por cima do que for necessário, Tamerlane só pensa no poder e no dinheiro e Frederick é cruel e não possui nenhum tipo de compaixão com o próximo. Essa combinação entre os seis, seus círculos familiares e a história maligna que os circula torna A Queda da Casa de Usher uma minissérie intrigante, inteligente e forte para o seu espectador.


Nessa Succession sobrenatural, o dinheiro e o poder se sobressaem acima de qualquer coisa e Mike Flanagan prova que contar histórias de terror em minisséries é o seu maior trunfo como cineasta. Resta torcer que suas futuras obras sigam o mesmo alto padrão que ele impôs para si mesmo nos últimos anos.


Nota: 5/5

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