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  • Foto do escritorDavid Shelter

Crítica | Besouro Azul

Um delicioso clichê que acerta ao exagerar

Foto: Divulgação


Anunciado em 2021, com o elenco se formando ao longo dos meses seguintes, Besouro Azul, a nova aposta da DC, finalmente chega em sua semana de estreia nos cinemas. Baseado nos quadrinhos publicados pela DC Comics, o filme nos apresenta Jaime Reyes, um mexicano que reside em Palmera City, nos Estados Unidos, com sua família e que tem o destino cruzado com o escaravelho que era guardado pelas empresas Kord. A premissa inicial não diverge da já conhecida fórmula de origem de heróis, sem poder, sem dinheiro e com questões pessoais e familiares ruindo ao seu redor, mas, a graça neste é a forma descontraída em que o público é posto de frente com o protagonista.


Já sabemos como funciona toda essa questão de heróis, universos compartilhados, participações, crossovers e afins, então queria deixar aqui registrado o alívio que é assistir a uma produção isolada (pelo menos inicialmente), e livre de qualquer obrigação universal, em que não precisa criar diversas conexões. É um filme solo que permanece assim do início ao fim, e que se futuramente permanecesse assim seria o seu maior trunfo. Dado esse pequeno desabafo, vamos aos pormenores.


O roteiro não tem muita grandiosidade, é um clichê do gênero que abusa da fórmula já disseminada e que não tenta propor em nenhum momento que vai ser algo diferente disso. Contudo, ele sabe iniciar, apresentar seus personagens e finalizar a sua história sem qualquer dificuldade, mesmo com suas previsibilidades. A direção de Angel Manuel Soto é amparada pelo exagero, o que ironicamente faz o longa se tornar mais leve e despretensioso. As cenas de ação são as que mais se beneficiam desse artifício, gerando diversos momentos de uso de poder e força sem qualquer pudor. Apesar disso, o humor pré-determinado acaba não funcionando tão bem durante o tempo, já as cenas mais orgânicas conseguem gerar uma risadinha no telespectador.

Foto: Divulgação


Como dito antes, aqui não há preocupação com universo, multiversos, três mil conexões com outros três mil personagens ou ameaças interplanetárias, intergalácticas, etc, etc, etc. E isso possibilita ter uma vilã comum que se encaixa sem cobranças maiores. Susan Sarandon é quem interpreta Victoria Kord, uma megera sedenta por poder que tem o domínio do escaravelho, e com ele deseja implantar seus planos malignos e coisa e tal. É bom frisar o quanto Sarandon cai bem em um papel de megera fria e sem coração, mesmo aparecendo pouco ela domina a tela e por mais que não seja o tipo de vilã que causa simpatia, sua imponência faz nascer o desejo de que a tivéssemos por mais tempo.


Claro que não teria como não falar sobre os protagonistas Jaime Reyes e Jenny Kord sem comentar sobre Xolo Maridueña e Bruna Marquezine. Xolo, já conhecido por Cobra Kai, traz para as telas do cinema todo o seu carisma e simpatia, entregando um protagonista fácil de ser gostado e que brilha sem dificuldades, no entanto, e sem puxar nenhum pouco de sardinha para o nosso lado, Marquezine reluz com muita facilidade e fluidez, já conhecida pelo público brasileiro desde criança, ela mostra ali a razão de estar há tanto tempo em tela e de conseguir esse papel; ela é simplesmente boa no que faz. Não poderia haver uma dupla melhor que esses dois para estar ali, um agiganta o outro e a combinação de suas interações resulta em algo gratificante de assistir.

Foto: Divulgação


O elenco coadjuvante traz diversos bons atores e alguns nomes já conhecidos de outros tempos, como George Lopez, o Sr. Elétrico lá de As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl, além de Harvey Guillén, que vem despontando cada vez mais no cenário audiovisual e continua dando seu brilho em What We Do In The Shadows. Mas quem se torna o destaque dentre os personagens coadjuvantes é Adriana Barraza, que interpreta a avó que tem uma virada na trama, e que muito provavelmente seria mais um alívio cômico, mas nessa parte dá uma falhada. Vale citar também Damian Alcázar (Acapulco), que interpreta o pai do protagonista, a quem fica a responsabilidade de trazer a carga dramática em momento estratégico.


Mesmo com falhas no timing do humor e do drama, o longa se prova um bom entretenimento, que certamente poderia ter um resultado melhor fazendo algumas aparas, no entanto, suas falhas não são o que o definem ao final de tudo. Além, é claro, de trazer uma boa dose de cultura mexicana e uma latinidade gostosa de ver em tela, com algumas doses de nostalgia que, com certeza, funcionarão com facilidade entre o público brasileiro, algumas memórias destravadas e a garantia de pelo menos um risinho nos lábios. Por fim, a DC tem o dom de acertar em filmes solos, mesmo com heróis não tão conhecidos nas telas. Se haverá uma continuação ou um encaixe do Besouro Azul em um universo compartilhado de heróis infinitos ainda não sabemos, mas o que foi entregue foi suficiente para fazer com que o público goste dele.


Nota: 3,5/5

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