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Foto do escritorDavid Shelter

Crítica | Chucky (2ª temporada)

Nem com muita oração é possível se livrar do brinquedo assassino

Divulgação: Syfy/USA Network


Sendo uma agradável surpresa de 2021, a série do Chucky, ícone da cultura pop desde os anos 80, logo foi renovada para uma nova temporada que se encerrou recentemente. Após os terríveis acontecimentos que cuminaram em um aparente fim para o boneco na primeira temporada, os três adolescentes sobreviventes retornam pensando que está tudo bem e que dessa vez estão em paz. Para quem já conhece o nosso ruivo adorável, está familiarizado com a síndrome de barata que ele tem: simplesmente não morre. Nessa atual temporada, Chucky mais uma vez volta como representante do caos e infernizando a vida de Jake, Lexy, Devon e de quem mais se meter em seu caminho.


A série retorna com seu mesmo tom de comédia que continua sendo benéfica para as artimanhas do boneco, e desta vez, levados a um cenário envolvendo a igreja, a blasfêmia é uma das protagonistas mais cômicas. Ela tem como um dos seus pontos positivos o seu texto sem muitas complicações, em que tudo se encaixa com clareza sem a necessidade de explicações mirabolantes ou fora da realidade da série. O uso do drama em meio a comédia tem um bom casamento, e tudo sempre regado a muito sangue e morte.

Divulgação: Syfy/USA Network


Uma das maiores proezas de Don Mancini é saber aproveitar bem o universo que construiu e os personagens que inseriu nele ao longo do tempo. Uma das mais recentes, chegada nos filmes pós 2010, foi Nica, interpretada por Fiona Dourif (filha do ator que dá voz ao Chucky, Brad Dourif), e que nesse novo ano teve mais destaque sofrendo nas mãos de Tiffany. A sua personagem é, de longe, a que mais sofreu como alvo do brinquedo assassino, e Fiona se destaca bem dentro do proposto. Jennifer Tilly também é outra que teve um dos melhores aproveitamentos na trama, a noiva do Chucky não tem nenhuma noção de limites e entrega bons momentos durante os episódios, em especial o que é focado nela e em sua família.


Já sobre o elenco teen, os três protagonistas que se esforçaram na primeira temporada, voltaram com interpretações mais limitadas e às vezes até incômodas, em especial Zachary Arthur, o Jake. O que deixa mais evidente a falta de um brilho a mais nos três é a chegada de uma nova personagem. Nadine, vivida por Bella Higginbotham é uma das melhores adições do elenco, com naturalidade e um carisma magnético, ela brilha sem precisar fazer esforço. Outra adição notável foi a de Lachlan Watson, intérprete de Glen e Glenda, e que dá um show nos dois papéis, trazendo personagens que se tornaram memoráveis em 2004 e que desde então não apareciam em obras do brinquedo assassino.


Rápido resumo sobre a história de Glen/Glenda. Em 2004, no filme 'O Filho de Chucky' ('Seed Of Chucky' no original, e que não foi traduzido para o português de maneira justa), Chucky e Tiffany têm um bebê, e passado todo o questionamento de como aquilo aconteceu, temos a primeira a aparição do então Glen, que tem uma história bastante sofrida ao tentar encontrar a si mesmo enquanto descobre que os pais são assassinos. Ainda nesse filme vemos sua transição para Glenda, e após isso mais questionamentos lhe surgem até que ao final temos Glen e Glenda separados. Lachlan Watson é uma pessoa não binária assim como Glen e Glenda, e é muito satisfatório ver essa retratação de forma respeitosa e coesa (que também foi mantida na dublagem, ao escalarem Maria Fontenelle, também pessoa não binária).

Divulgação: Syfy/USA Network


Retornando para a série; como dito antes, o cenário desse novo ano envolve a igreja, para onde os três protagonistas são enviados após um ocorrido no primeiro episódio. Esse novo ambiente possibilita uma infinidade de caminhos para Chucky e para a história num geral. O leque de piadas se abre com opções diversas também. O ranking de mortes continua subindo por onde ele passa, e cada vez com mais elaboração e criatividade, no entanto trazendo um pouco de cansaço em algumas delas. Há também fortes referências a outros filmes marcantes, e é inegável como o Chucky fica fofo amordaçado e amarrado igual ao Hanibal, além da presença do "Chucky do Bem", do Chucky marombado e do Chucky careca (o general), que revigoram a imagem do boneco.


Com essa nova temporada, a série conseguiu se reinventar um pouco mais, e vamos combinar que não há limitações em uma história que é protagonizada por um brinquedo assassino, né? Apesar disso, ela já demonstrou um pouco de monotonia e repetições, mas, ainda assim entretém de maneira orgânica, além de trazer risadas e muita tensão. O chuckyverso é um universo com muitas possibilidades e com muitos personagens bons que podem ser abordados se utilizados bem. Fica o aguardo para o próximo halloween e uma terceira temporada, mas também um desejo para que não se prolongue e saiba aproveitar do hype, mas enquanto isso; wanna pray?


Nota: 3,5/5

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