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  • Foto do escritorGabriel Sousa

Crítica | Conclave

Berger consegue cativar mais uma vez com o seu complexo drama político

Foto: Divulgação


Em um ano em que o mundo vai parar para assistir à contagem dos votos das eleições americanas, Edward Berger (Nada de Novo no Front) traz seu novo longa-metragem, que explora outro processo de eleição, com o qual estamos familiarizados, mas do qual nunca fizemos parte. Conclave é o nome dado ao processo de eleição de um novo papa, no qual cardeais de todo o mundo são chamados a um retiro, de onde só podem sair após a maioria concordar com o novo Pontífice.


O filme de Berger adapta o livro homônimo, apresentando um conclave fictício que aconteceria nos dias de hoje. Somos confinados junto aos cardeais e freiras, e durante as duas horas de duração, acompanhamos o processo político dessa eleição, onde tudo é válido para garantir que seus valores permaneçam no poder.


O filme é estrelado por Ralph Fiennes e conta também com grandes nomes da indústria audiovisual, como Stanley Tucci, Isabella Rossellini e John Lithgow. Embora todos no elenco tenham seus momentos de destaque - com cenas que parecem até conter uma mensagem na tela que lembra ao espectador que este é o momento em que os atores querem ser lembrados para suas "Oscar Tapes" -, a verdadeira estrela é Fiennes. O ator britânico consegue carregar o filme nas costas, pois quase todo o filme é contado de sua perspectiva, além de trazer um lado investigativo que poderia não funcionar, mas que Fiennes incorpora de forma eficaz ao drama da eleição.


Ainda me lembro da sensação ao assistir Nada de Novo no Front e ser impactado pelos sons e trilha que elevam a história. Estava preocupado que aqui Berger não tivesse uma premissa que lhe permitisse explorar esse grande aspecto de seus filmes. Para minha surpresa, mais uma vez ele trabalha a trilha de Volker Bertelmann perfeitamente, aumentando a tensão de todas as cenas, além de usar o som de maneira sutil, mas ainda assim impactante.

Foto: Divulgação


Outro ponto alto do filme é sua fotografia. Somos levados a lugares desconhecidos do Vaticano, com elementos de arquitetura clássica e moderna, afetando a forma como são mostradas. No entanto, as imagens que realmente ficam gravadas na mente do espectador mostram o contraste entre esses dois elementos. As sombras e elementos clássicos da religião católica criam imagens dinâmicas, e, mesmo estando confinados nos mesmos locais durante o longa, sempre há alguma surpresa ou nova perspectiva nos ambientes mostrados.


A premissa do filme abre as portas de uma das reuniões mais secretas do mundo para o público do cinema, e em nenhum momento isso é tratado de forma glamourosa, ao ponto de transformar o longa em uma glorificação da igreja. O roteiro de Peter Straughan encontra um equilíbrio perfeito, onde, ao mesmo tempo em que nos sentimos incluídos na discussão, ele consegue mostrar como esse grupo de homens vive em uma realidade diferente do restante dos membros da igreja, criando grandes momentos cômicos. Infelizmente, há momentos no filme que parecem apressados, enquanto outros são prolongados sem necessidade.


Sem sombra de dúvida, Conclave usa o título de "Oscar Bait" com orgulho, trazendo o melhor que o gênero tem a oferecer. O filme consegue ser lançado no momento perfeito para que as discussões se intensifiquem ainda mais, devido às eleições americanas e aos temas polêmicos que são abordados. Ainda vamos ouvir muito de grupos religiosos condenando o filme, mas isso é o que um grande filme faz. Trazendo elementos da realidade, o longa invoca a curiosidade do espectador sobre o Conclave e entretém com sua narrativa envolvente, mostrando como fazer um filme de forma exemplar.


Nota: 4/5

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