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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Depois do Universo

Romance nacional apresenta um carismático casal e uma premissa que batalha para chegar em seu objetivo

Divulgação: Netflix


O novo longa da Netflix em parceria com a produtora Camisa Listrada é um romance declaradamente romântico. Ele conta a história de Nina (Giulia Be), uma jovem com lúpus que se encontra ao acaso na estação de metrô com o médico Gabriel (Henry Zaga), que eventualmente a acompanhará em seu tratamento. O vínculo dos dois se consolida imediatamente e ele passará a ajudá-la além do hospital, uma vez que Nina tem um grande sonho de tocar piano na Orquestra Sinfônica de São Paulo, mas precisa conciliar seus ensaios com o tratamento intenso da doença e suas relações pessoais.


Logo em seus segundos iniciais a produção desnuda sua proposta pro espectador. E não só a proposta do enredo, mas também a proposta estética carregada de luzes neon e lens flare para endossar a mística da história, o que vai se repetir em vários momentos chaves. A produção é o primeiro trabalho da talentosa cantora Giulia Be como atriz que contracena com o carismático e convincente Henry Zaga, trabalhando pela primeira vez em uma produção brasileira (ele é conhecido por seus papeis nas séries Teen Wolf e The Stand e no filme Os Novos Mutantes). O casal protagonista mostra química e conseguem sustentar o filme por mais que o desdobramento do filme seja arrastado e açucarado demais.


Existem situações que funcionam muito bem e outras que deveriam ter ficado no papel, em especial diálogos retirados diretamente dos filmes adolescentes de Hollywood que não soam orgânicos na produção. E é aí onde o filme mais se desequilibra, em tentar manter um viés teen e ao mesmo tempo tentar construir um romance mais, digamos, maduro. Mas inquestionavelmente é um filme sensível e delicado, porém em excesso, ao ponto de tocar o piegas. E isso não necessariamente é algo negativo, mas um pouco mais de sutileza e menos obviedade em algumas analogias e em algumas sequências narrativas poderiam deixar o filme mais pé no chão e não o deixariam mais sentimental.

Divulgação: Netflix


E a mistura de romance meloso, doença e divagações sobre o espaço sideral interferindo nas ações humanas é inevitável não lembrar do sucesso A Culpa é das Estrelas (2014), mas é inevitável também comparar, pro bem ou pro mal, porque em alguns momentos pode-se achar que está sendo feita uma referência direta e em outros que é apenas uma semelhança infeliz.


Destaque para o competente elenco de apoio e para o uso da musicalidade como recurso para endossar pontos chave da. O diretor Diego Freitas mostrou que é muito bom em criar momentos, mas faltou fluidez na condução e na conexão entre esses momentos, por vezes o filme parece ir e vir em suas duas horas de duração sem sair do mesmo lugar. Próximo ao final o roteiro resolve dar uma última respirada e consegue chegar a um final sólido, porém ofegante e cansado.


Nota: 2,5/5

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