Elenco estelar tenta mascarar mediocridade do suspense político, mas não é suficiente.

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Quando eu ouvi falar que Robert De Niro faria uma minissérie, logo me animei. Era a primeira dele e não poderia ser qualquer coisa. Mas infelizmente é. De Niro é George Mullen, um ex-presidente amado por todos, apartidário (risos), como insistem em nos lembrar de tempos em tempos durante os primeiros episódios. Ele precisa sair de sua aposentadoria para cuidar de uma grande missão: liderar as investigações de um terrível ataque cibernético que matou mais de 3 mil pessoas. Lembram daquele filme O Mundo Depois de Nós, também da Netflix? Então, é como se acontecesse a mesma coisa, só que o foco aqui é na presidência dos Estados Unidos, ao invés de uma família. O longa de Sam Esmail tem seus defeitos, mas passa longe de ser genérico como esta minissérie.
Além de De Niro, Joan Allen é sua esposa Sheila, Lizzy Caplan é sua filha, Connie Britton é sua ex-chefe de gabinete, Jesse Plemons é seu assessor, Angela Basset é a Presidente em exercício, Matthew Modine é o presidente da Câmara dos Deputados, Dan Stevens é um apresentador reacionário, Clark Gregg é um bilionário suspeito, McKinley Belcher III é um agente e Gaby Hoffman é uma empresária da tecnologia. Eu não dei muitas informações sobre quem é quem para evitar spoilers, mas tudo é tão previsível que não faria muita diferença, sendo sincero. Os atores estão no automático e isso é desdobramento de um roteiro superficial que não os desafia. Os personagens fazem exatamente aquilo que se espera deles e a maioria são de uma nota só, estão ali com apenas uma função. São apenas seis episódios e não há muito tempo para trabalhar bem todos eles e suas relações, mas com certeza poderia ser feito um trabalho melhor pelo roteiro, principalmente com o protagonista. Quando há uma sombra de nuance dele, logo se transforma em mais uma reviravolta infundada.
A produção tenta vender a ideia de um político amado por quase todos em um mundo tão polarizado, mas soa muito irreal. Em uma determinada cena, Mullen contém uma população revoltada com um discurso – vazio e formulaico – e ao terminar, é aplaudido. Não só é pouco plausível, como chega a ser ridículo, só para citar um exemplo. Nota-se que foi uma minissérie cara, não só pela constelação que forma o elenco. Há um cuidado com os cenários, por mais comuns que eles sejam, e as sequências de ação são bem filmadas, mesmo que não sejam exatamente tensas ou muito elaboradas. É caro, mas não deixa de ser ordinário.

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O final faz jus a tudo que foi construído até então, ou seja, não há muito o que dizer. A resolução do grande mistério é jogada de qualquer forma e sem qualquer esforço de realmente surpreender ou fazer o mínimo sentido em meio a já tantas coisas inautênticas. Há a tentativa, mas tudo estava tão enfadonho que as viradas não conseguiam surtir algum efeito, além da apatia. É uma pena o desperdício deste elenco em uma produção que se assemelha a um filme de suspense político qualquer com pitadas de ação, onde a mediocridade é a regra. Imagino que ofereceram uma bolada de dinheiro a De Niro primeiro, e depois todos os outros atores foram embarcando graças ao nome dele estar envolvido. É a única explicação para tantos nomes grandes e que, geralmente, escolhem bons projetos, toparem algo tão esquecível, ainda que não seja inassistível. O ritmo oscila, mas é mantido pelas viradas insanas, então em algum momento, há entretenimento pelo menos.
Nota: 2,5/5
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