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  • Foto do escritorGabriella Ferreira

Crítica | Eleita (1ª Temporada)

Série de comédia do Prime Video debocha da política brasileira em realidade (não tão) distópica.

Divulgação: Amazon Prime Video


No último fim de semana, os brasileiros foram às urnas para escolherem os seus representantes durante os próximos quatro anos. Usando um timing preciso, a Prime Video resolveu lançar sua mais nova série de comédia nesta sexta-feira, 7. Eleita, desenvolvida por Célio Porto e Clarice Falcão, se passa em uma realidade distópica onde o estado do Rio de Janeiro está passando por grandes problemas de abandono.


Nesse cenário, Fefê (interpretada por Clarice), uma influenciadora digital resolve fazer uma brincadeira com os amigos e se candidata ao governo do Rio de Janeiro. Porém, a zoeira acaba fazendo mais sucesso do que ela esperava e a população decide elegê-la. Agora, com uma grande responsabilidade na mão, Fefê não faz ideia de como administrar tanto poder sobre o estado.


Durante evento para a imprensa em que o ‘Oxente, Pipoca?’ pode participar, Clarice afirmou que durante o processo de escrita da série, ela e Célio precisavam sempre exagerar cada vez mais no conteúdo explorado por “Eleitas”, pois, a realidade sempre parecia ser pior. “As nossas principais referências não vieram de outros filmes e séries e sim de situações da política global. Usamos de exemplo o presidente atual da Ucrânia e o prefeito de Reykjavik”, relatou Célio.

Divulgação: Amazon Prime Video


É fato que quando você assiste aos episódios da série a similaridade com a situação atual assusta. Ao mesmo tempo que percebemos as não tão sutis críticas do roteiro, também rimos ao pensar que personagens como Fefê ganham espaço na vida real e são, de fato, eleitas para ocupar cargos importantes na sociedade sem nenhum tipo de preparo ou sem nem entender o que política.


Com ótimo elenco, “Eleita” tem um roteiro inteligente, sagaz e que em alguns momentos causa um enorme sentimento de vergonha alheia. Sua curta duração dos episódios ajuda a maratona e torna a série algo fácil de ser digerido pelo telespectador. Ao abordar o tema de forma leve, a série propõe uma reflexão política importante para quem está do outro lado da tela.


Além de Clarice e Célio, também participaram da coletiva Carolina Jabor (diretora), Diogo Vilela, Polly Marinho, Bella Camero e Malu Miranda (Head de Conteúdo Original Brasileiro para o Amazon Studios). O projeto teve seus primeiros passos em 2017, durante o mandato presidencial de Michel Temer. A atriz Polly Marinho declarou: “Passamos por um momento da política que é praticamente uma comédia. A gente não falou nenhuma mentira. Estamos rindo de nós mesmos, porque o brasileiro tem essa facilidade de rir das coisas, levar as coisas mais alegres. É rir da própria desgraça”.


Falando sobre fundamentalismo religioso dentro das bancadas congressistas e legislativas e o domínio hegemônico que é proposto pelos evangélicos dentro da política brasileira, “Eleitas” chega nos streamings no melhor (ou pior) momento possível: Logo após uma das eleições que mais levou pessoas no estilo de Fefê e de sua antagonista para o poder. Para os atores, a expectativa é que a série, ao final, faça os seus telespectadores se perguntarem “Será que eu estou batendo palma para maluco dançar?”, “Será que votei bem na última eleição?”. Com os resultados atuais em alguns estados, acredito que a realidade distópica pode facilmente se tornar algo cada vez mais tangível para os brasileiros.


Nota: 4/5

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