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  • Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Elite (6ª temporada)

A temporada mais densa e menos histérica desde a primeira

Divulgação: Netflix


Os números não deixam negar que Elite é um dos maiores sucessos da Netflix desde seu lançamento. A série espanhola surgiu como um suspense adolescente em 2018 e de lá pra cá cresceu em audiência, elenco e alcance internacional. Mas à medida que novas temporadas iam surgindo foi ficando claro que, por vezes, os roteiristas e produtores não sabiam bem como administrar uma série com elenco fixo que se passa num colégio, afinal, por mais que demore, um dia todo mundo sai da escola. Foi então que os espectadores viram uma sólida primeira temporada aos poucos se desfazendo em trama rasas, personagens secundários desinteressantes e mudanças de elenco com motivações fracas nas temporadas seguintes.


Eis que os criadores, Carlos Montero Castiñeira e Darío Madrona, assumiram a mesma ideia que a novela/série Malhação teve nos anos 90 de dar continuidade ao seu conteúdo tendo como plano de fundo o mesmo colégio, porém mudando o elenco e as tramas a cada novo ano.


A quinta temporada foi claramente uma temporada de transição, onde os últimos nomes do elenco original deram espaço para os personagens secundários de temporadas anteriores assumirem o protagonismo. E aqui eu vou começar citando o que para mim foi a maior decepção com a sexta temporada, a falta de um fim simbólico para personagens que por anos seguiram carregando a série como Rebeka (Claudia Salas) e Cayetana (Georgina Amorós). O personagem Phillipe (Pol Granch) também deixou a série da temporada passada para essa, mas pelo menos teve um desfecho citado. Com o personagem Omar (Omar Ayuso) retornando na sétima temporada depois de também “sumir” na sexta, fica a expectativa de que em algum momento no futuro outros nomes também deem o ar da graça.

Divulgação: Netflix


Com as “vagas” de protagonistas em aberto, os personagens Isadora, interpretada pela argentina Valentina Zenere, e Iván, interpretado pelo brasileiro André Lamoglia, ganharam mais tempo em cena nesta temporada. Valentina já havia mostrado na quinta temporada o alcance do seu talento nas mais variadas situações que Isadora passou, porém André Lamoglia mostrou a que veio nessa temporada uma vez que seu personagem ganhou mais textura e mais profundidade, coisa que o ator soube entregar com sensibilidade e força projetadas em olhares sempre bem expressivos.


Mas a bênção de Elite é também sua maldição mais uma vez. Antes mesmo da estreia da sexta temporada, a sétima já havia sido confirmada e dessa vez com uma gama nova de nomes que irão compor o elenco principal (inclusive o retorno de Omar como já citado). E isso preocupa uma vez que novos personagens da sexta temporada já não tiveram tanto espaço no texto dos oito episódios, como a carismática Rocío (Ana Bokesa) e o introspectivo Bilal (Adam Nourou). Os novos nomes que mais se projetaram na temporada foram o problemático casal de influencers Sara (Carmen Arrufat) e Raul (Alex Pastrana) e Nico (Ander Puig) que rouba a cena sempre que aparece.


Então mais uma vez a série tem conteúdo demais para equilibrar em pouco tempo, e ainda assim parece que temos tramas que não saem do lugar. Ainda assim o roteiro traz temas socialmente relevantes como a homofobia no futebol, racismo, e transfobia abordados com clareza e precisão. Essa é a temporada mais densa, mais “sóbria” e menos festiva desde a primeira temporada. Existe um pessimismo no drama em todos os arcos que não permite uma leveza que se via aqui e acolá nas temporadas passadas. Isso não quer dizer que não tenha sexo, drogas, morte e todos os outros elementos hiperbólicos que configuram o estilo de Elite, porém houve uma preocupação maior com o que está sendo dito do que com o que está sendo mostrado por assim dizer.


Se você chegou até a sexta temporada de Elite você já conhece a série, sabe do que ela se trata e como ela aborda suas problemáticas. Tem muitas consequências que às vezes tem poucas causas e vários furos no roteiro que a gente engole no calor do momento e isso tudo já virou marca. E se você chegou até a sexta temporada de Elite você também sabe exatamente o que esperar, então eu sinceramente não consigo compreender quem continue por aqui e espere que ela vire algo que não está no seu DNA. Mesmo tendo uma cena final digna da mais dramática das novelas mexicanas, esse foi um bom ano em Las Encinas onde ninguém se resolve por mais de dois dias, todo ano morre alguém e onde é proibido ter final feliz.


Nota: 3/5

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