A ‘The Boys’ adolescente é justamente o que se espera que ela seja. E isso é bom
Foto: Divulgação
Eu adoro o universo de The Boys e séries adolescentes, então quando anunciaram que haveria uma adaptação, já fiquei animado. Ambientada em Godolkin, a única faculdade de super-heróis dos Estados Unidos, os jovens competem o tempo inteiro pelo melhor lugar no ranking da universidade e ter uma chance de se juntar ao grupo dos Sete, a equipe de elite da Vought, que acompanhamos na “série-mãe”. Marie (Jaz Sinclair) acaba de chegar ao lugar com alguns traumas do passado - graças aos seus poderes - e ela é também a nossa porta de entrada. Através dela vamos conhecendo como funcionam as coisas e os outros personagens, como Emma (Lizzie Broadway), sua colega de quarto. Luke, ou Golden Boy (Patrick Schwarzenegger), que é o número 1 no ranking da faculdade e já está, praticamente, com uma vaga garantida nos Sete. Cate (Maddie Phillips), a namorada de Luke e Andre (Chance Perdomo), o melhor amigo. Jordan (Derek Luh/London Thor), também faz parte do grupo e tem um poder muito interessante, que abre brecha para várias discussões, mas como eu não quero dar spoilers, vou deixar que vocês tenham até as mínimas surpresas, se ainda não assistiram.
E surpresas não faltam na série. Já nos primeiros episódios temos grandes reviravoltas que mudam totalmente o rumo das coisas. E durante o restante da temporada, isso é uma constante. A imprevisibilidade e ousadia são heranças de The Boys e muito bem aproveitadas aqui, porque denota que ninguém está a salvo e que não sabemos muito bem o que esperar de nenhum dos personagens, que ainda estão se descobrindo e aprendendo o verdadeiro alcance dos seus poderes. Eles estão ali próximos dos 20 anos, aquela fase onde todo mundo acha que tem certeza de tudo, mas não sabe de nada. A série explora bem suas inseguranças, seus medos e aflições, e aliados a histórias do passado que foram traumatizantes, e grandes poderes que eles ainda não sabem controlar totalmente, é a receita ideal para o caos. O elenco é bastante carismático, mas falta talento. Alguns até cumprem bem seus papéis, mas quando a cena exige um pouco mais de nuance, fica mais complicado de assistir, pelo menos nos jovens. Shelley Conn e Marco Pigossi estão ótimos, no entanto.
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Desenvolvida por Evan Goldberg, Eric Kripke e Craig Rosenberg, é uma produção que não faz rodeios desnecessários. A duração de, em média, 40 minutos por episódio, é perfeita porque vai direto ao ponto. O ritmo é intenso, mas isso faz dela ágil, e não apressada, pois temos tempo de conhecer os personagens e a trama. Em meio a isto, temos a presença do humor perverso e infantilizado de The Boys, assim como a violência gráfica, que abre espaço para a criatividade. Mesmo elogiando a agilidade, devo fazer uma ressalva ao roteiro, que por diversas vezes se mostra muito conveniente e justamente para que tudo se desenvolva mais rápido. Um exemplo é que um personagem entra em uma sala, revoltado e embriagado, fazendo comentários sobre um plano, e onde mais dois personagens estavam escondidos ouvindo. Eu entendo e não atrapalha o resultado final do entretenimento, mas são detalhes que poderiam ser melhores cuidados. Porém, há bons diálogos, sempre espertos e cheios de referências atuais, assim como a ótima trilha sonora, sempre presente em momentos pontuais.
Gen V é uma baita adição a este universo, e mesmo que você não seja fã de The Boys, há chances de curtir. Há participações especiais e que agregaram bastante ao final da temporada. Sempre lidando com essas personas amorais, a trama fica ainda mais instigante, então há uma personagem que merece todo o destaque que recebe. Ela começa quase como uma coadjuvante, então para preservar o fator surpresa, não vou citar o nome, mas ela promete ainda mais na eventual 2ª temporada e com uma ajuda grandiosa. É satisfatória uma série que nunca te deixa na zona de conforto e esse é um de seus maiores trunfos porque nunca sabemos o que esperar. Não li a HQ em que a série é baseada, então não sabia de nenhum acontecimento. Julgo a série pela série e não como adaptação. Então posso dizer que ela é divertida, impactante, tem ótimos efeitos especiais, cheia de ação e com poucas ressalvas a serem feitas, há muitos elementos que fizeram a fama de The Boys, não dava para fugir disso e isso é bom.
Nota: 4/5
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