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  • Foto do escritorFilipe Chaves

Crítica | Ginny E Georgia (2ª temporada)

Série ainda falha no tom mas melhora em relação à primeira

Divulgação: Netflix


O primeiro episódio começa praticamente onde a temporada anterior nos deixou: Ginny (Antonia Gentry) e Austin (Diesel La Torraca) estão com Zion (Nathan Mitchell), depois que a garota descobre os segredos de Georgia (Brianne Howey). A moça tenta disfarçar a preocupação e saudade dos filhos, enquanto organiza seu casamento com Paul (Scott Porter). Max (Sara Waisglass) ainda está magoada com Abby (Katie Douglas), por ela não ter contado do romance entre Marcus (Fellix Mallard) e Ginny, e o garoto está triste por não ter notícias da amada e nem da sua moto, que foi o transporte que ela usou para fugir.


Dado este panorama geral do início, o desenrolar é bem interessante. Toda a descoberta de Ginny ativou ainda mais gatilhos na garota, crises de ansiedade são constantes, até que finalmente ela vai à terapia, onda há uma visível melhora. O assunto é mais aprofundado, e eu gostei de como o roteiro lida com isso. Eventualmente ela volta a morar com Georgia, e de certa forma “entende” o porquê da mãe ter feito as coisas que fez, mas isso vai ficar para depois no texto. A menina engata um namoro com Marcus, o vizinho um tanto chato, mas que funciona porque a química dos dois é boa. Gosto de como ela não abre espaço para Max, que está completamente insuportável nos primeiros episódios. Mean girls geralmente são engraçadas e carismáticas, mas quando Max veste essa armadura mimada e egoísta, a personagem perde qualquer traço de simpatia. Quando ela e Ginny voltam a ser amigas, é quando a gente volta a se importar com ela.


É importante trabalhar a questão da saúde mental em séries teen justamente pela adolescência ser esse mar de incertezas. Se houver um estudo em qualquer série do gênero, o que não vai faltar é personagem com problemas psicológicos, mas nem todas abordam isso. Além de Ginny, a trama mostra que Abby também sofre de algo, que aqui não tem tanta profundidade, mas o roteiro indica que sejam distúrbios alimentares e baixa autoestima. Não sou psiquiatra pra dar o diagnóstico, então só posso falar sobre quando a série disser o que é. Ela é uma personagem que eu gosto, porque sempre há uma sutileza em como ela é tratada pela narrativa. A atriz manda bem, e é notável que há uma construção em andamento para uma história maior pelo modo como ela se comporta. Quando eu digo “sutileza”, cito como exemplo uma cena em que estão o grupo de amigos reunidos, bebendo e conversando e um dos rapazes faz um comentário imbecil sobre o peso dela. A conversa continua ao redor em outro assunto, mas a garota se fecha totalmente. Isso é mérito do roteiro, da atuação de Douglas e da direção do episódio. Pelo menos nessa trama.

Divulgação: Netflix


Eu gosto da parte focada nos adolescentes, tirando um diálogo ou outro saído diretamente do twitter, acho que eles falam e se comportam de maneiras condizentes com a idade, com toda imaturidade e egoísmo que há na bagagem. Então por isso, às vezes eles são chatos, mas não dá pra dizer que não é verossímil. O mais chato talvez seja Marcus. Ele não se sente bom o suficiente para Ginny e se afoga no álcool, o que já traz outro problema à tona: o alcoolismo. Esse, no entanto, não é tão bem trabalhado. O roteiro, na tentativa de surpreender, acaba indo há lugares comuns e previsíveis, com o rapaz acabando seu relacionamento. Já assisti séries teens o suficiente para saber que um casal não é feliz por muito tempo, mas o que faltou aqui foi um motivo plausível para o término. Não há profundidade suficiente no personagem (ou na atuação de Mallard, diga-se) para que o telespectador compre a ideia de que tudo é fruto de uma complexidade maior.


O ponto central da série é a relação de Ginny e Georgia, e eu curto como o roteiro trata isso. A princípio, o que parecia ser uma cópia de 'Gilmore Girls', vai tomando rumos diferentes. Georgia é, de longe, a melhor personagem. Ela não se desculpa por ser quem é, com todos os seus defeitos, é engraçada, carismática, uma mãe leoa e Howey manda muito bem no papel. A química dela com Gentry, que também é ótima na pele de Ginny, funciona bastante. Porém, é com Georgia que o roteiro perde a mão. Não nos conflitos maternos ou amorosos, mas na parte mais sombria. Não que o enredo seja um poço de leveza, mas é gostosa de se acompanhar, e ainda que os episódios sejam longos, não se torna cansativo. A “sutileza” que eu citei acima se perde totalmente quando o foco é na trama de Georgia assassina. Aquele detetive é uma ponta solta, que só tem relevância naquela cena final que não faz muito sentido até então, e foi choque pelo choque para terminar com um gancho. A pior cena, no entanto, ainda é quando Georgia mata por piedade o marido moribundo de Cynthia (Sabrina Grdevich), diante dos olhos de Austin, que estava escondido no quarto. É uma clara investida do texto em torná-la uma anti-heroína mais complexa, e é onde falha miseravelmente porque destoa do resto da série, soa desnecessário e exagerado. É um território perigoso e é onde a história pode se perder totalmente.


No mais, a temporada soube equilibrar melhor suas tramas, lidando mais com as consequências das ações passadas, do que com novas ações. São 10 episódios, com duração de aproximadamente 1h cada, onde nem tudo são flores, mas é superior ao seu ano de estreia. É mais dinâmica, e ao mesmo tempo que tem esse lado mais sóbrio nas tramas que envolvem a discussão sobre saúde mental, há diversão também, e em certos momentos, uma emoção genuína, principalmente no que concerne à Georgia e seus filhos. É um novelão, e ainda que pise na bola em certos pontos, consegue te deixar querendo mais e curioso para o que vem a seguir. A Netflix ainda não renovou, mas imagino que irá, e se acontecer, estarei lá assistindo.


Nota: 3/5

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