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  • Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Greice

Dramédia conquista pelo texto esperto, direção leve e elenco afiado

Foto: Divulgação


Greice (Amandyra) é uma jovem cearense que estuda na Universidade de Belas Artes de Lisboa. Ela se vira como pode para se sustentar na Europa, e em meio às suas malícias ela acaba se envolvendo com o português Afonso (Mauro Soares). Depois de uma festa de boas-vindas para os novos estudantes, o casal é acusado de um estranho acidente que ocorreu no evento. Greice precisa retornar a Fortaleza, sua cidade natal, para renovar a autorização de residência. Escondida em um hotel, enquanto evita que a mãe descubra os problemas em que se envolveu, Greice tenta encontrar um lugar de conforto no mundo.


Em entrevista recente com o cineasta Guto Parente ele me falou sobre o nascimento de um “novo” humor cearense no cinema contemporâneo. E colocando em minhas palavras, um humor com uma estrutura menos física e com uma motivação mais elaborada. Mais sutil, menos caricato, mas não menos funcional. Uma comédia mais instintiva e menos maneirista. E embora esse humor – que por vezes chega a tocar o absurdo, mas que nunca tira os pés do chão – apareça como alívio cômico em produções com cargas dramáticas mais densas, em Greice ele é o alicerce do roteiro.


Greice apresenta um recorte bastante específico de realidade, mas que no plano geral é alguém próximo do cotidiano de todo brasileiro. Para além de trambiqueira, ou do “jeitinho brasileiro”, Greice é o retrato geracional de pessoas que lidam com seus anseios da forma mais rápida, possível e viável, pessoas inconsequentes, mas que se colocam como prioridade após perceber que ninguém fará isso por elas.

Foto: Divulgação


O roteiro sagaz de Leonardo Mouramateus, que também dirige o longa, abre margens para que o desenvolvimento da personagem-título do filme seja ao mesmo tempo honesto e surpreendente desde o primeiro instante que Amandyra aparece em cena. No entanto essas margens abertas também permitem fechamentos e soluções precipitados que não convencem tanto quanto poderiam.


Todo o percurso que a narrativa principal faz até a conclusão passa por diferentes questões que usa de maneira inteligente a narração e flashbacks para montar o quebra-cabeça principal, da trama e da personalidade de Greice. Leonardo apresenta uma direção fluida e cheia de artifícios que funcionam organicamente numa montagem precisa e bem amarrada.


Amandyra constrói uma personagem complexa, autêntica e que encorpa bem todas as matizes desenhadas no texto. O elenco coadjuvante consegue marcar as situações distintas que circulam Greice com seus traços bem definidos, destaque para o ator e músico Dipas que consegue dividir a atenção do espectador com a protagonista exibindo graciosidade sempre que está em cena.


Nota: 4/5

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