Natal, clichês, bizarrices e Kevin Bacon
Divulgação: Disney+
Tenho uma relação ambígua com o Natal: embora adore a data em si (por ser um momento de reunião da minha família para comemorar o aniversário de meu avô), não tenho nenhuma paciência para o período que a antecede e toda a temática envolvida, seja nas decorações, na música ou no cinema. Dito isso, é óbvio que não se poderia esperar uma trama clichê de Natal em um especial de TV dos Guardiões da Galáxia, e é exatamente isso que acontece. Temos aqui um episódio(?)/mini-filme(?) que honra algumas das melhores características dos dois filmes da equipe, embora nem sempre alcance o mesmo charme ou o mesmo nível.
Na trama, vemos Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff) em busca do melhor presente de Natal para Peter Quill (Chris Pratt), ainda abalado pela ausência de Gamora (Zoe Saldana). Para isso, eles decidem ir à Terra para sequestrar ninguém menos do que Kevin Bacon, herói de infância de Quill conforme aprendemos no primeiro filme. Obviamente nada sai como esperado, e é daí que o especial tira sua força e as suas risadas, especialmente pela forma como Bacon, interpretando a si mesmo, é tratado no decorrer da narrativa.
Embora o especial seja menos sobre a equipe em si e mais sobre a parceria de Drax e Mantis, essa se revela uma decisão acertada, visto que a junção dos dois foi um dos melhores acertos do segundo filme e isso se repete aqui. É justo dizer até que Mantis é a verdadeira protagonista desse especial, ainda mais pela conexão que o roteiro de James Gunn estabelece entre ela e Peter.
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Essa conexão é talvez a mais importante informação apresentada aqui, o que é compreensível, pois o especial serve como uma ponte entre os dois primeiros filmes (e Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato) e o vindouro terceiro filme que encerrará a atual formação da equipe. Logo, ele escapa da cada vez mais saturada necessidade do MCU de interconectar todos os seus filmes e séries, servindo como uma aventura mais autocontida e despretensiosa que joga suas próprias regras.
Isso acaba sendo uma lufada de ar fresco, mas por outro lado não posso deixar de sentir que o formato de especial acaba retirando um pouco do potencial da história aqui apresentada. A duração de cerca de 40 minutos faz com que o roteiro pareça eliminar certas partes que ajudariam melhor na coesão da história, precisando apressá-la em alguns momentos. Além do mais, vejo aqui um problema que já vinha observando em Guardiões da Galáxia 2 e Peacemaker, que é a tendência de Gunn em não saber por um ponto final em algumas de suas piadas, por vezes estendendo-as até que percam a graça.
Essas falhas, contudo, não impedem que esse especial cumpra seu objetivo: trazer toda a pieguice e fofura do Natal sob o viés cômico e tresloucado dos Guardiões da Galáxia sob a batuta de Gunn. É clichê e dispensável? Sim, mas nem sempre isso precisa ser um demérito, e o que vemos aqui é mais uma vez a confirmação de que a equipe é uma das melhores preciosidades dentro do MCU.
Nota: 3,5/5
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