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Foto do escritorMatheus Gomes

Crítica | Halloween Ends

Com um roteiro confuso, David Gordon Green fecha a trilogia com um gosto amargo

Divulgação: Universal Pictures


Outubro finalmente chegou e, com ele, é comum que se comece a falar bastante sobre o Halloween, comemorado no último dia deste mês. Apesar de não ser um feriado tipicamente brasileiro, a comemoração dessa data foi amplamente difundida através da cinematografia estadunidense, principalmente quando falamos de terror. Assim, em meio a uma infinidade de obras que tratam da data, temos como grande destaque aquela que leva seu nome: ‘Halloween’, filme de 1978 dirigido por John Carpenter. O longa é considerado até hoje como o grande responsável pela consolidação do subgênero slasher no cinema, dando origem a uma franquia com mais 13 filmes, sendo o último deles ‘Halloween Ends’, lançado recentemente nos cinemas.


Após 44 anos, “Ends” representa não só o fim da nova trilogia que teve início lá em 2018, como também o encerramento da história original iniciada por Carpenter em 78. No longa, que se passa 4 anos após os eventos de “Halloween” e “Halloween Kills”, Jamie Lee Curtis incorpora Laurie Strode para enfrentar o assassino Michael Myers pela última vez.


De início é perceptível que o filme tem uma pegada diferente de seus antecessores. Isso porque, durante todos esses anos em que a franquia esteve em exibição, os enredos das sequências sempre se pautavam na atmosfera da vinda iminente de Michael Myers e sua cadeia de matança. Porém, o que vemos aqui é justamente o oposto: Michael não é mais uma ameaça palpável, mas sim uma lenda urbana. Assim, o filme se propõe a apresentar uma vida nova para as Strodes, em que Michael é apenas uma cicatriz dolorosa deixada para trás.


É uma premissa diferente, de fato. Mas, a pergunta que percorre o espectador durante boa parte do filme é: onde está o terror disso? Bom, se Halloween Kills (2021) pecava em seu excesso, com crueldade humana exagerada e mortes aos montes, essa nova sequência falha justamente por sua escassez. O enredo até surpreende em seus momentos iniciais, porém, após isso, sua história engrena em uma sucessão de acontecimentos que dão a entender que o filme pertence a outro gênero que não o terror (um romance, talvez?).

Divulgação: Universal Pictures


Isso ocorre porque o roteiro de Ends é basicamente focado em trazer uma nova história para dentro de uma dinâmica já consolidada. Aqui, somos apresentados ao jovem Corey Cunningham (Rohan Campbell) e vemos, no decorrer do longa, como os traumas de seu passado, sua relação com Allyson Strode e a mitologia de Michael Myers influenciam sua trajetória. Essa decisão criativa, embora talvez fizesse sentido se colocada em outro lugar ou momento da franquia, aqui faz com que o filme se perca em sua essência e falhe em concretizar seu papel como história de encerramento.


Assim, uma das coisas que mais incomodam em Ends é justamente a ausência indiscriminada da dupla protagonista. Laurie Strode – que já andava sumida desde a sequência anterior – é escanteada para dar lugar ao drama romântico rebelde de Allyson. Já Michael, o mais prejudicado nesse aspecto, passa grande parte do longa representado apenas por menções e alegorias. Mesmo quando ambos finalmente se encontram, a sequência não traz o peso de um confronto final digno de uma franquia de mais de 40 anos.


Não me leve à mal, a intenção de David Green é boa e tem seu tom de autoria, o problema é que ela não se sustenta. Isso porque, apesar de Jamie Lee Curtis ter prometido um filme totalmente inusitado (o que não é mentira), a sequência final da trilogia se perde em sua tentativa de fazer algo diferente, trazendo não só uma discordância muito grande com a proposta do filme que iniciou a trilogia em 2018, como também encerra em um final contido. Assim, mesmo prestando suas devidas homenagens à alma da franquia (um fofo agradecimento nominal à Jamie nos créditos), a trilogia de Green se despede deixando um gosto agridoce nos fãs.


Nota: 2,5/5

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