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Crítica | Lobisomem

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Medos primordiais bem filmados esbarram nas limitações naturais da história

Foto: Divulgação


A produção apresenta a história de Blake (Christopher Abbott), marido e pai residente de San Francisco, que herda sua casa de infância na remota zona rural do Oregon, após seu pai desaparecer e ser dado como morto. Ciente do atual desgaste de seu casamento com a enérgica Charlotte (Julia Garner), Blake convence a esposa a dar um tempo da cidade, fazer uma viagem relaxante e aproveitar para visitar a propriedade com a pequena filha do casal, Ginger (Matilda Firth). Mas quando a família se aproxima da casa da fazenda ao cair da noite, eles são atacados por um animal invisível e, em uma fuga desesperada, acabam se trancando dentro da casa, numa espécie de barricada de proteção, já que a criatura continua lá fora, rondando a área.


Cá estamos no início de mais um ano com Hollywood reciclando mais um gênero e personagem. A nova abordagem de um dos monstros clássicos do cinema e do imaginário popular de boa parte do mundo traz uma proposta construída em cima do suspense folk. O filme abre com um texto situando o espectador no tempo e espaço onde a história se desenrola. A maior parte do filme acontece numa belíssima zona rural do Oregon e essa contextualização é essencial para ditar o tom do longa-metragem.

Foto: Divulgação


A primeira metade do filme trata a lenda do monstro metade lobo metade homem todo em cima do escuro, dos barulhos, dos vultos, daquilo que foge da percepção plena dos sentidos humanos, e que desperta os instintos de proteção em relação ao desconhecido. E nisso ele se sai muito bem. A direção atenciosa de Leigh Whannell consegue construir bons momentos de tensão e bons sustos sem ter uma criatura à vista.


É na segunda metade que a receita desanda. Mesmo tratando a transformação em criatura com um viés criativo, seguindo a intenção naturalista que caminha com o folk, e adicionando elementos de ficção científica e – com as palavrinhas da moda – terror corporal, não tem como evitar o ridículo de se ter uma pessoa maquiada de quase lobo subindo e descendo pela floresta. O resultado da revelação do monstro é tão bizarro, no pior dos sentidos, que perde a liga da apreensão guiada pela curiosidade dominante na primeira parte do filme.


O elenco reduzido desempenha bem seus papeis, com destaque para o protagonista Christopher Abbott e toda sua versatilidade em cena. Com ótimas sequências de ação e com uma postura louvável de se levar a sério e de respeitar o texto (mesmo quando os monstros “estragam” as boas intenções e as metáforas visuais), Lobisomem não consegue ir além da vontade de recontar com outras palavras uma história já bem calejada.


Nota: 2,5/5


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