Terror em pele de suspense policial assusta bem mesmo tendo suas previsibilidades
Foto: Divulgação
A agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe) é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer. Conforme desvenda pistas, Harker se vê confrontada com uma conexão pessoal e sobrenatural inesperada com o assassino, lançando-a em uma corrida contra o tempo.
As dores e as delícias de se assistir a um filme sem saber nada sobre ele. Como uma pessoa frequentemente online e inserido numa bolha cinéfila eu já tinha lido várias vezes o nome Longlegs, mas o que eu sabia ao adentrar a sala escura não ia mais muito além do título e de que o sempre inusitado Nicolas Cage estava no elenco. Pois bem, foram muitas surpresas, algumas boas e outras nem tanto.
Vou começar logo com o que o filme tem de melhor: Cage! Para além da maquiagem pesada que o torna irreconhecível, o ator apresenta uma atuação apavorante que não se assemelha a nada que tenha feito até hoje (e olhe que se tem alguém que não tem o menor problema em arriscar é ele). Assustador e bem-humorado, as vezes as duas coisas juntas, o personagem desenvolvido pelo premiado ator é sem dúvidas um daqueles que vai ficar no imaginário popular, especialmente nos fãs de terror, por bastante tempo.
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Mesmo tendo uma cena de abertura que aponta para o terror, o filme vai crescendo nos moldes dos suspenses policiais modernos à la Zodíaco (2007). Assassino em série, anos 70, pistas em papel e fotografias, delegacias, bares... todos os elementos que estruturam narrativas investigativas clássicas dão forma ao filme do início ao fim. É na verdade o estilo predominante, porque por mais que o roteiro vá pender para o sobrenatural de uma forma objetiva e não metafórica, é no thriller noir onde ele está enraizado.
Mas mesmo que o tom do filme esteja precisamente entre o suspense e o terror ocultista, e consiga se equilibrar entre os dois de forma bastante estável, as reviravoltas e os elementos críticos de virada são até bem previsíveis. E isso se dá, paradoxalmente, também por conta de ser uma narrativa limpa e sem excessos, a tentativa de criar subtextos de idas e vindas com os poucos personagens que a trama apresenta limita as possibilidades de maiores surpresas.
Para consolidar uma abordagem que foge do esperado, o diretor e roteirista Oz Perkins escolhe fugir de estratégias óbvias do gênero terror mais comercial e opta por planos mais longos, tensão contínua em vez de momentos chave e sustos “gratuitos”, mas acaba por cair em outras que mesmo que não intencionalmente coloca o longa em outras caixinhas do gênero, como uma explicação em flashback deixando bem claro todas as motivações do texto. De qualquer forma, Longlegs é um filme que faz de tudo para se valorizar e consegue se fazer relevante por acreditar tanto na história que está contando.
Nota: 3,5/5
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