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Foto do escritorGabriella Ferreira

Crítica | Maldoror (Festival de Veneza)

Filme belga traz a tona história de crime real com toque ficcionalizado, mas perde a mão com longa duração

Foto: Divulgação


Na Bélgica, em 1995, o jovem policial Paul Chartier fica obcecado com o caso de duas jovens desaparecidas. Quando ele é recrutado para fazer parte da Maldoror, uma unidade secreta para monitorar homens com antecedentes criminais em casos de abusos de menores, e a operação falha por conta de erros dos seus superiores, Paul embarca em uma jornada de caçada e culpa também para desmascarar os envolvidos no caso.


Exibido no Festival de Veneza, essa é a trama principal do filme Maldoror, coprodução da Bélgica e da França, que conta uma história real que se entrelaça em uma trama política e social do país belga. Na época dos fatos, a polícia funcionava de forma subdividida, existindo assim a ‘Gendarmerie’, algo equivalente a guarda municipal na atualidade brasileira. Assim, esses núcleos policiais não trabalhavam de forma integrada, sendo um grande problema em casos de grande complexidade, como no sequestro de várias jovens de forma sequencial nos anos 90.


Dirigido por Fabrice du Welz, fica claro que a intenção é dar luz a esse fato histórico e triste da Bélgica e explorar essa história real sob uma ótica ficcional. Além de denunciar e expor esses crimes de sequestro, abuso e violência contra menores, o filme também expõe as falhas na polícia e na justiça criminal do país, com referências claras a longas como Zodíaco e Memórias de um Assassino. Focar no personagem fictício de Paul Chartier, um jovem adulto com uma vida problemática, mesclando com essa história real tem seus erros e acertos.

Foto: Divulgação


Paul é um personagem complexo, em alguns momentos irritante pela sua insistência, deixando sua própria família de lado. Inclusive, um dos núcleos mais interessantes do filme é a família da esposa de Paul, mesmo que pouco explorada. Mesmo com sua complexidade, não sei se ele é o personagem ideal para liderar essa história feita para colocar sob a luz do público esse crime bárbaro. Alguns outros fios narrativos aqui se perdem e o filme, em certo ponto, parece não saber se quer ser um drama, um true crime ou um suspense policial.


Muito disso acontece pela sua longa duração, de quase 2h33 minutos, que em muitos momentos torna a trama mais lenta e arrastada e em outros mais frenética, despontando com bons momentos de ação, mas não convencendo no drama. Com uma boa direção de arte e também boas atuações, Maldoror tem um saldo positivo mesmo com os problemas e traz uma luz e dá voz a um dos casos mais tristes da Bélgica.


Nota: 3/5

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