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  • Foto do escritorMaryana Leão

Crítica | Marcel The Shell With Shoes On

Um abraço apertado que deixa o coração quentinho

Foto: Divulgação


É triste perceber que poucas pessoas assistiram e tiveram o prazer de ter contato com Marcel the Shell With Shoes On, tranquilamente um dos melhores filmes do ano passado. A pouca divulgação e distribuição não contribuíram para o seu melhor alcance, já que o longa não chegou às salas de cinema no Brasil e não houve qualquer previsão para sua estreia em plataformas de streaming por aqui. Felizmente, o longa foi merecidamente indicado e reconhecido em algumas premiações - entre elas o Oscar - pela excelente e majestosa animação que é, além do magnífico trabalho na sua produção, o que elevará sua visibilidade e dará a novos espectadores a chance de conhecer essa linda história.


Aqui acompanhamos a rotina de Marcel, uma adorável concha que usa pequenos sapatos e leva uma vida agradável com sua avó Connie. Os dois protagonistas são criaturas que antes faziam parte de uma grande comunidade de conchas e agora vivem sozinhos, pois foram vítimas de uma desconhecida tragédia que deixou somente os dois como únicos sobreviventes. A vida de Marcel muda quando um documentarista o encontra no meio da bagunça de seu Airbnb e resolve postar na internet pequenos vídeos curtos sobre a rotina da pequena concha. O que antes começou com curtas sem propósitos, logo atinge enormes proporções e fazem de Marcel um sucesso nacional e uma celebridade amada por muitos fãs. Assim, com a visibilidade alcançada e os recursos que possuí, Marcel enxerga ali a possibilidade de reencontrar sua família há muito tempo perdida.


Acompanhar o dia a dia de uma concha usando tênis é uma ideia que eu nunca imaginei para um filme, e pode até ter sido justamente por isso e pelo fato de não saber absolutamente nada pelo que esperar que ele foi capaz de me tocar e me fazer chorar tanto. Sinto que o cuidado que a equipe teve com esse longa transparece e fica notório em cada frame, que parecem sair da tela para encontrar e se conectar com o telespectador. A impressão que fica é que os envolvidos no projeto são seres humanos talentosos, cheios de coração e com uma linda mensagem para passar.

Foto: Divulgação


Por ser um longa independente, em stop-motion, com baixo orçamento e que teve uma produção que durou aproximadamente sete anos, a originalidade e criatividade extravasam e tomam conta, mas não são a única fonte de riqueza do filme. A mensagem passada é mais um troféu em meio a tudo que é construído e entregue ao telespectador. Desde perseverança, otimismo inabalável, inocência, fragilidade, e até coragem; tudo em tela é capaz de te fazer enxergar a magia das pequenas coisas e te deixar com o olhar atento para o que está ao nosso redor. E mesmo sendo relativamente curto, com 1h30min de duração, tem muita bagagem e muita coisa importante para contar.


O diretor e roteirista Dean Fleischer Camp precisa ser exaltado e reconhecido por esse trabalho esplendoroso e pelo espetáculo que é essa obra. Foi criado aqui uma excelente e harmoniosa combinação entre animação em stop-motion, efeitos especiais e live action, bem como um texto que navega entre temas como amizade e companheirismo à formas de lidar com traumas e luto. Além do incrível trabalho do diretor, outra pessoa merecedora de crédito e exaltação é a atriz Jenny Slate que também assina o roteiro - juntamente com Fleischer e Nick Paley - dubla e é a responsável por dar vida à concha protagonista. A atriz consegue ao mesmo tempo mostrar tanto a fragilidade quanto a bravura de Marcel através de seu tom de voz que sem dúvidas foi um dos pontos altos do longa para mim.


Por fim, Marcel the Shell With Shoes On é um comfort movie adorável, brilhante e repleto de criatividade que consegue ser fofo, mas nunca bobo, e que conta com um protagonista incrivelmente irresistível. Capaz de ser original ao mesmo tempo que é simples, mas com uma simplicidade que se eleva e se transforma em algo mais, pois transborda todo o amor envolvido nessa produção. Incrível como a cada segundo que passava e a cada cena de crescimento, amadurecimento e aprendizagem vivenciada por Marcel um sentimento tomava conta de mim e eu me encantava ainda mais por aquilo que estava assistindo. Sem dúvida alguma é um dos filmes mais originais que assisti nos últimos anos, com uma linda lição de vida e de amor que ficou comigo por bastante tempo.


Nota: 5/5

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