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Foto do escritorDavid Shelter

Crítica | Maxxxine

Uma viagem aos anos 80 e a consolidação de uma estrela

Foto: Divulgação


“In this business, until you’re known as a monster, you’re not a star”.* Provavelmente a frase será repetida à exaustão por diversas pessoas que forem escrever sobre o filme, já que, ela sintetiza o teor da história que será vista logo após as palavras de Bette Davis sumirem da tela e a jornada de Maxine Minx iniciar. Uma trilogia que iniciou como um slasher despretensioso com X - A Marca da Morte, e partiu para um terror mais psicológico com Pearl, finalmente ganha seu capítulo final em um clima maior de suspense carregado de referências com Maxxxine. Com Ti West na direção e tomando o comando sozinho do roteiro, o filme dá um bom encerramento para o universo criado, mas, escorrega um pouco para validar o seu próprio fim.


Indo por partes, Mia Goth continua sendo o grande destaque. Abandonando toda aquela aura sonhadora e delirante de Pearl, ela agora incorpora a ambição e o poder que Maxine transmite. Sem que precise ainda provar algo, Mia mesmo assim mostra durante todo o filme o porquê de merecer estar no protagonismo, ela tem uma força quase hipnótica, que prende a sua atenção a qualquer coisa que seja feita em tela. Sua interpretação nesta personagem, que é o total oposto da protagonista do filme anterior, só deixa ainda mais evidente todo o seu talento e carisma. Goth segura a trama nas mãos mesmo quando parece que ela está para afundar, e faz de Maxine a monstruosa estrela que ela deveria ser.


Há uma gama de nomes bastante conhecidos fazendo participação, Halsey, Lily Collins, Bobby Cannavale e Elizabeth Debicki. Contudo, quem se sobressai é Kevin Bacon e Giancarlo Esposito. Não que todos não sejam lembrados, Debicki com sua Liz autoritária e impaciente se sai muito bem, mas em comparação, Bacon puxa para si o papel de coadjuvante sem fazer quase esforço algum, seu personagem sorrateiro é um dos pontos positivos do filme. Esposito tem um papel menor e ainda assim marcante, como sempre. Quando ele surge, já se espera que seja um personagem sem escrúpulos e venha aquele olhar característico, mas, de início, parece ser alguém comum, e isso que faz com que ele tenha seu brilho próprio, há na sua interpretação uma maestria muito singular que é muito boa de assistir.

Foto: Divulgação


Minha parte favorita de toda a produção é, sem pestanejar, a direção de arte e a trilha. Ambientado nos anos 80, há uma verdadeira imersão àquela década, quase como uma máquina do tempo que viaja para o passado e transmite através das câmeras tudo que está imortalizado na história. O figurino bem pensado e os cenários, literalmente, hollywoodianos ajudam ainda mais a fazer essa viagem. Além disso, a trilha que também parece congelada naquele espaço de tempo colabora para que haja essa conexão com a história.


A direção de Ti West se mantém bem, mas seu roteiro aqui parece se perder um pouco. É uma história que prende a atenção, com certeza, mas há uma sensação de insipidez quando deveria ser o seu clímax. Todo o início e o desenrolar vai bem até pouco mais da metade, parece haver sentido no caminho que segue, todos os pontos vão sendo entregue e levando a crer que haverá um encerramento apoteótico, só que essa apoteose não chega. Apesar de saber se encerrar, há uma falha nas resoluções dos problemas criados e nos mistérios movidos, e não é nem uma questão de expectativa, é realmente uma mornidão que se agiganta sobre o seu ato final. O uso do conservadorismo agravante em relação a Hollywood parece uma boa ideia a ser usada, no entanto, mal aproveitada.


Maxxxine pode até não ser o melhor da trilogia, mas está longe de ser um filme ruim. Desapontante, talvez, mas com méritos. Nos serve uma protagonista inegavelmente marcante, uma história que apesar das falhas é boa de acompanhar, além, é claro, de mortes e mais mortes, como já é esperado. Pode não ser o que se esperava para encerrar a trilogia que ganhou o coração de muitos, mas ele ajuda a consolidar ainda mais Mia Goth como uma verdadeira estrela. Além de valer muito para o entretenimento, o que seria de um filme sem pelo menos esse poder, não é?


Nota: 3,5/5


*"Nesta indústria, até que você seja visto como um monstro, não é uma estrela."

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