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Foto do escritorGabriella Ferreira

Crítica | No Mundo Da Luna (1ª temporada)

Série da HBO Max não consegue transportar o melhor do livro para as telas

Divulgação: HBO Max


No último domingo, 13, a HBO Max liberou a série brasileira “No Mundo da Luna” em seu streaming. Esperada por muitos fãs do universo literário, a obra é adaptada do livro de mesmo nome da autora Carina Rissi e marca a estreia da onda de adaptações de Carina como “Procura-se” e “Perdida”. O livro "No Mundo da Luna” foi lançado no Brasil em 2015 e a série mantém a mesma base em seu enredo principal.


Nela, acompanhamos a história de Luna (Marina Moschen), uma recém-formada jornalista em busca de trabalho na área que escolheu. Luna tem origem cigana e, para se aproximar da profissão, acaba aceitando escrever sobre horóscopo para um portal de notícias usando cartas do baralho cigano herdado de sua família. Para a surpresa de Luna, o baralho com séculos de história começa a se comunicar diretamente com ela.


Em sua nova jornada, Luna precisará enfrentar os desafios do primeiro emprego e manter vivo o sonho de ser jornalista. Além de cartas falantes, Luna se apaixona por dois rapazes do trabalho, um muito diferente do outro. Para superar as crises dos 20 e poucos anos, Luna conta com ajuda de suas duas melhores amigas, que também vivem suas próprias questões. Sabrina é uma artista com dificuldade em viver de arte na era dos NFTs, e Bia é uma gamer profissional que trabalha em uma equipe só de homens.


Divulgação: HBO Max


“No Mundo da Luna” é produzida pela Moonshot Pictures, com direção geral de Roberto d’Ávila e possui dez episódios com cada um com pouco mais de 30 minutos. Como eu tive a oportunidade de ler o livro antes de assistir a série, acredito que minha experiência, comparada com quem não teve acesso ao material original, poderá ser bem diferente. Primeiramente, vale destacar que um dos maiores pontos positivos dessa adaptação são seus atores e elenco que combinam de uma maneira singular com os personagens descritos por Carina e fazem um ótimo trabalho mesmo com a simplicidade do roteiro de uma comédia romântica.


Além disso, outro grande destaque interessante da série é trazer de uma forma mais firme a questão da identidade cigana e da importância da cultura ser vista além dos preconceitos que cercam o tema. “No Mundo da Luna”, de fato, foi uma das primeiras séries voltadas para o público jovem que tocou no tema de uma forma profunda, pouco estereotipada e com destaque e protagonismo.


A série também traz assuntos mais atuais com assuntos que dominaram o noticiário e as redes sociais nos últimos anos de uma forma mais sutil e provocativa. Já tecnicamente, a série também tem uma trilha sonora interessante e entrega um trabalho de edição e de fotografia bem redondinhos por meio de uma direção de câmera bem ágil.


Divulgação: HBO Max


Porém, meu grande problema com essa adaptação foi justamente a história. A ideia de adicionar um triângulo amoroso não funciona e faz com que a protagonista não consiga desenvolver uma relação minimamente interessante com nenhum dos dois pretendentes. Dante Montini (protagonista e par romântico da Luna no livro) ficou ótimo nas mãos de Léo Bittencourt, mas, totalmente apagado e reduzido a uma rivalidade boba entre dois homens.


É difícil se conectar com a protagonista quando o telespectador não consegue entender bem quais são seus propósitos. E isso vale também para os coadjuvantes, em especial as duas melhores amigas de Luna, que em suas narrativas individuais não convencem e agem de forma extremamente caricata graças aos rumos escolhidos pelos roteiristas. Todo rolê do universo dos games e da questão de NFTs parece quase uma esquete do Porta dos Fundos (e eu não falo isso no bom sentido).


Minha impressão é que “No Mundo da Luna”, ao fazer tantas mudanças na obra original, não entendeu quem era o público-alvo majoritário da série. Seriam os adolescentes pseudomodernos do Twitter? Os fãs de histórias de romance? O público jovem-adulto já leitor dos livros da Carina Rissi?


No fim das contas, a grande possibilidade é que mesmo sendo uma série até legal de ser maratonada, ela não deva agradar, de fato, quase ninguém desses grupos, fazendo com que os fãs dos livros, que devem encarar novas adaptações pela frente, pensem duas vezes antes de dar o play.


Nota: 2,5/5

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