Sem revolucionar o gênero, série empolga por sua trama ágil e seus personagens carismáticos
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Há um ano, o agente do FBI, Peter Sutherland (Gabriel Basso), encontrou uma bomba em um vagão de um metrô e conseguiu salvar a vida de vários passageiros. Hoje, ele tem a função de monitorar uma linha de emergência noturna que nunca toca. Quando o rapaz finalmente atende uma ligação, uma moça chamada Rose (Luciane Buchanan) está do outro lado da linha implorando por socorro. Agora, os dois estão envolvidos em uma grande conspiração onde há um infiltrado na Casa Branca. Eles não fazem ideia em quem podem confiar, só sabem que agora terão que lutar por suas vidas e encontrar a verdade.
De início, já nos questionamos o porquê de Peter ser relegado a uma, aparentemente, irrelevante função, depois de um grande ato heroico. A cena do ato em questão é a primeira da série e já diz a que veio, construindo muito bem a tensão até chegar ao clímax. Ditando o ritmo que veremos pelos nove capítulos seguintes, é assim que Shawn Ryan deixa sua assinatura nos dois primeiros episódios que são escritos por ele. O roteirista atua como o showrunner da série e foi o fator principal que me chamou atenção nela. Ainda que não tenha o grau de complexidade da excelente ‘The Shield’ – que também foi criada por Ryan – por exemplo, ‘The Night Agent’ não economiza sua história, mas mostrando o experiente escritor que é, Ryan não está interessado em apenas nos encher de viradas na trama, porque ele sabe que há de se investir em personagens para que o todo funcione.
Eu gosto como esses personagens vão sendo apresentados porque parecem enredos desconexos, mas em determinado ponto as tramas se cruzam. É necessário que conheçamos aquelas pessoas para o que quer que aconteça com elas gere uma comoção mais genuína e quem assista se importe com isso, principalmente em tramas onde há um perigo constante. Me afeiçoei aos dois protagonistas. Peter é jovem e muito me agrada como a série mostra que ele não tem aquela experiência de tantos outros agentes que já vimos que se safam de qualquer situação. Ele consegue, mas não facilmente. Rose é destemida, impulsiva e claro, não possui treinamento algum, mas age sempre que necessário e eu curti bastante isso. Obviamente eles se envolvem romanticamente e têm uma boa química. A construção do casal vai acontecendo junto com o desenvolvimento individual de cada um, na medida certa, sem que Rose esteja lá somente para ser o par do protagonista como é habitual em produções do gênero.
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À princípio, Peter confia na Chefe de Gabinete da Presidenta, Diane Farr, interpretada pela sempre fantástica Hong Chau, que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por A Baleia. Foi ela que o propôs sua nova função e desde então é a quem ele mais responde. Com exceção da peruca horrenda da personagem, ela é um dos pontos mais interessantes da série porque sempre paira uma dúvida no ar sobre de que lado ela está. Outros personagens com bastante relevância são Chelsea (Fola Evans-Akingbola) e Monks (D.B. Woodside), agentes do Serviço Secreto encarregados da segurança particular de Maddie (Sarah Desjardins), filha de alguém importante no Governo, que eu não vou dizer quem é porque há um pequeno mistério sobre. É por causa deles que eu mencionei “enredos que parecem desconexos”. Mas não se enganem. É uma série enxuta, e se eles aparecem é porque existe uma razão.
O saldo final é extremamente positivo. Há inúmeros filmes e séries com a mesma temática de uma grande conspiração envolvendo Washington DC, e esse é mais um exemplo. Dos bons, felizmente. É baseada no livro de Matthew Quirk – o qual eu não posso comparar porque não li, confesso – e tem tudo o que se espera. Mas o que vale é o modo como as coisas são executadas. A série não tem pretensões de revolucionar o gênero, portanto ela é honesta na sua proposta com drama e reviravoltas bem elaboradas, ainda que algumas previsíveis, mas necessárias para a narrativa. E claro, cenas de ação de tirar o fôlego, tiroteios e perseguições muito bem dirigidos e lutas corpo a corpo tão bem coreografas que te deixam pasmo com a verossimilhança. O entretenimento é garantido nesta temporada viciante e, às vezes, é só o que a gente precisa. Só há um livro, pelo que pesquisei, e o último episódio pode funcionar tanto como um final de série quanto de temporada. Estou muito satisfeito, mas acho que mais histórias poderiam ser contadas com esses personagens. Se forem, estarei acompanhando.
Nota: 3,5/5
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