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  • Foto do escritorMaryana Leão

Crítica | Os Bravos Nunca Se Calam

Filme nacional investigativo aposta na aventura, brinca e ousa por ser uma comédia de erros

Divulgação: Lança Filmes


Quando a morte de um jornalista acontece dias antes da publicação de seu livro sobre um caso de corrupção envolvendo empresários, políticos, fechamento de uma fábrica e a possível falência da cidade, suspeitas são levantadas e surge o questionamento se isso realmente teria sido acidente ou um assassinato com motivações políticas. O incidente acaba por reaproximar seus filhos, os jovens Manoela e Caio, que começam a investigação por conta própria. 'Os Bravos Nunca se Calam', filme nacional que chega aos cinemas em 17 de Novembro, é um típico filme investigativo com "detetives" nada profissionais e com uma dose de comédia em alguns momentos pontuais.


Dirigindo seu primeiro longa, Márcio Schoenardie mostra aqui uma direção bastante criativa, que dá para sentir e ver sua assinatura entre várias cenas e planos. Isso fica evidente principalmente em alguns closes, cortes e mudanças de câmera que impactam diretamente no andamento de algumas cenas deixando-as mais dinâmicas e rápidas, ou mais tensas e cheias de suspense. Além da boa direção, vale ressaltar a preocupação com a fotografia, que por usar cores frias faz com que essa escolha combine com o propósito da obra e deixe tudo mais bonito. Dito isso, essa qualidade da fotografia e direção mostra como o cinema nacional tem grande potencial e é capaz de inovar, arriscar e produzir obras diferentes das que habitualmente consumimos por aqui.


Confesso que a investigação da morte demora um pouco para engatar e evoluir, o que faz com que chegue quase à metade do filme e a história não tenha se desenvolvido como deveria. Assim, por demorar tanto nessa primeira parte, quando as coisas realmente começam a acontecer - um pouco depois da metade - o tempo para mostrar reviravoltas e mistérios maiores que surgem e chamam a atenção já é curto demais, e tudo que realmente é relevante para o andamento da trama, mesmo sendo divertido, intrigante e com um ritmo que melhora muito, é explicado às pressas. Se tivesse sido assim durante mais tempo de tela o longa com certeza se beneficiaria.

Divulgação: Lança Filmes


Durante alguns trechos, temas importantes são colocados em pauta, mas não são desenvolvidos e ficam por trás do que tá acontecendo em primeiro plano, sendo apenas levantados através de comentários sutis. Um exemplo disso se dá pelo fato de por ter pessoas com alto poder aquisitivo envolvida no fechamento da fábrica algumas críticas sobre corrupção são feitas, mas nada que acrescente profundamente na trama ou coloque aquilo como foco principal. Além disso, um dos protagonistas, Caio, é usado como alívio cômico na maior parte do tempo, e várias vezes não funciona. Quanto à esse personagem, vejo que o longa tenta abordar alguns temas através dele, já que por ser um adulto que não trabalha, vive com a mãe e é viciado em jogos online, várias situações são ocasionadas por falta de atenção da parte dele e uma possível alienação provocada pela tecnologia.


As atuações no geral estão boas, alguns coadjuvantes com pouco tempo de tela às vezes não se equiparam aos outros, mas não é tão destoante essa diferença. Os dois protagonistas, Manoela (Duda Meneghetti) e Caio (Eduardo Mendonça) estão bem nos personagens e são capazes de transmitir a conexão que os irmãos vão construindo. Eles que começam se odiando e sem aguentar a companhia um do outro, com o decorrer vão se aproximando, amadurecendo e criando uma boa relação que se transforma em um ponto forte do filme.


Destaco aqui um ponto positivo que é o fato dele não se levar totalmente a sério e entender seu propósito. Não será aquela história de investigação como Sherlock Holmes, e por isso as soluções encontradas são fáceis e as piadas são colocadas ali pra reforçar isso sempre que dá. Talvez a conclusão do caso e da investigação sejam bem mais satisfatórias do que toda a jornada até chegar nesse final - que às vezes se arrasta e demora -, mas a conexão que se forma durante esse tempo entre os irmãos é importante para o caminhar da história e o rumo que ela tomará.


Com uma premissa bem simples e típica de filmes do gênero, o longa aposta em momentos de comédia para se diferenciar e prender o público. Recomendo que não vá esperando nada de grandioso ou uma super investigação repleta de reviravoltas - elas aparecerão sim, em momentos oportunos e bem colocadas - porém, na maior parte do tempo o que o filme irá te entregar será uma aventura divertida, que te permita passar o tempo acompanhando dois irmãos tentando ser detetives.


Nota: 3/5

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