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Foto do escritorDavid Shelter

Crítica | Os Suburbanos

Um grande esquete do que havia de pior em programas humorísticos antigos.

Divulgação: Downtown Filmes e Paris Filmes


Qual o limite do que é aceitável dentro de um suposto filme de comédia? Ou tudo é válido em troca das risadas? Durante a quase uma hora e meia de Os Suburbanos essa pergunta invade a mente, principalmente por nem sequer conseguir gerar risadas. Para começar, deve-se dar créditos ao longa por já no início alertar ao espectador que aquilo não se trata de um bom filme, pessoas com mais consciência escutariam o aviso e abandonariam ali mesmo, pois, os minutos seguintes vão gerar um grande desconforto e uma sensação fixa de vergonha alheia até o final.


Estrelado por Rodrigo Sant’Anna, o filme não se leva a sério em nenhum momento, o que até poderia ser algo legal, mas ele não consegue criar nenhuma atmosfera de humor. Utilizando de clichês e estereótipos extremamente ultrapassados e batidos, ele se molda por trás de tentativas de piadas grosseiras que parecem tiradas de esquetes de programas de humor dos anos 90. A insistência dessas produções em continuarem retratando a figura de pessoas suburbanas e periféricas de maneira espalhafatosa é algo que causa um incômodo contínuo, trazendo uma saturação de algo que nem deveria ser abordado assim.


Não tem muito sentido em avaliar uma obra que deixa óbvio que o único motivo da sua existência é lucrar com o mínimo de investimento ou esforço de fazer algo razoavelmente bom. No entanto, ele pelo menos tem o bônus de algumas personalidades queridas por muita gente de aparecerem em tela. Muitas das vezes sem qualquer propósito, mas quem se importa com isso dentro de uma produção que não se leva a sério, né? Figuras como Tadeu Mello, Rafael Portugal e até Jojo Toddynho aparecem em algum momento, deixando o longa atrativo por alguns segundos. Contudo, nada se salva.


Não há nenhuma seriedade de roteiro, parece um grande compilado de frases pavorosas e situações que beiram o ridículo. Nenhuma escolha ali parece acertada, e o protagonista deixa tudo ainda mais desagradável, as tentativas de Sant’Anna de executar humor físico são vergonhosas, e nenhuma delas consegue gerar nem um fantasma de riso. Além disso, há a terrível ideia de continuar utilizando figuras LGBTQIAP+ como piada, trazendo uma representação desrespeitosa, ultrajante e ultrapassada que já era um desserviço no passado, e ganha um tom ainda pior quando se é lembrado que o ator principal é um homem gay.


Por fim, ‘Os Suburbanos’ é um dos filmes menos atrativos já idealizados, não há graça na forma de humor que utilizam e não há seriedade ou interesse em fazer comédia de qualidade. Não há o mínimo esforço em se fazer algo menos que o ruim, deixando uma sensação de piedade em atores talentosos que entraram nisso (provavelmente por falta de opção). A questão principal que ele deixa é: qual a razão de tentar fazer algo bom se o ruim parece dar retorno?

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