top of page
Background.png
capa-cabeçalho-marco2025.png

Crítica | Prédio Vazio

  • Foto do escritor: Ávila Oliveira
    Ávila Oliveira
  • 7 de abr.
  • 2 min de leitura

Sem esquecer seu gênero, filme toca comentário social com inventividade e exagero.

Divulgação


A jovem Luna (Lorena Corrêa) parte em uma jornada em busca de sua mãe, desaparecida no último dia de Carnaval em Guarapari. Suas buscas a levam a um antigo edifício aparentemente vazio, mas habitado por almas atormentadas.


Vou começar chovendo no molhado, mas acho que todo longa-metragem de gêneros pouco explorados no cenário nacional merecem seus louros apenas por estarem sendo feitos, sim. E trazer o terror para o cenário brasileiro de cartão-postal praiano é para mim o ponto mais positivo do filme. O idílico litoral em dias de Carnaval é um dos cenários onde pouco se espera que vá se desdobrar um terros sobrenatural carregado de recursos visuais. Lembro que no filme Os Descendentes (2011), de Alexander Payne, o personagem de George Clooney fala algo sobre os amigos do continente que acham que ele mora no paraíso, em férias permanentes, e vive bebendo drinks e balançando os quadris apenas por morar no Havaí. E Prédio Vazio joga um pouco também com essa premissa.


Somado a isso tem o comentário social sobre a cidade fantasma pós-festa da carne, como se Guarapari só existisse plenamente dos dias de festa, e no restante do ano virasse um ponto de memória para os turistas e para os próprios habitantes. E é nesse contexto que o filme se apresenta e apresenta o espaço onde toda a trama se desenvolverá, numa relação de amor e raiva sobre o ambiente prédio e sobre a cidade. O texto também aborda a importância do protagonismo feminino, enquanto filme e enquanto metáfora social.

Divulgação


Rodrigo Aragão não esquece um segundo sequer de que está filmando um terror, e usa de todo seu repertório de referências para criar situações horripilantes das mais criativas possíveis. Sem economizar nas cores, texturas, sangue, e na trilha sonora sempre atenta, o cineasta consegue também inserir o humor irônico sempre que possível. É sem dúvidas um trabalho pulsante, no entanto o excesso de ideias e subtemas que se desdobram em pouco tempo faz o resultado carecer de uma unidade, muitas vezes visual, mas sobretudo narrativa.


A mistura de tons também fica perceptível nas atuações conflitantes dos atores que, assim como seus personagens, parecem tentar entender onde tudo aquilo vai desaguar. Destaque, porém, para a interpretação brilhante de Gilda Nomacce que é responsável pela maioria dos melhores momentos do longa.


Como falei no início, apenas a garra de dar as caras e ousar entregar um filme com estética forte, mesmo que não perfeita, e seguro de seu gênero, carregando uma ânsia de se realizar maior do que qualquer limitação, já valida a sua existência. Mesmo assim, cortes mais precisos, uma montagem mais fluida e uma sincronicidade mais amarrada na direção de elenco potencializaria ainda mais o que foi feito com feitio natural de grandeza.


Nota: 2,5/5


Commentaires


bottom of page