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  • Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Rustin

Colman Domingo triunfa sobre o resultado genérico

Foto: Divulgação


A produção conta como o ativista Bayard Rustin (Colman Domingo), conselheiro de Martin Luther King Jr. (Aml Ameen), conseguiu organizar a maior marcha pacífica da história dos EUA na década de 60 em prol dos direitos dos negros e demais questões raciais. Rustin dedicou a sua vida aos direitos humanos e à democracia mundial e enfrentou autoridades e posicionamentos públicos para atingir seus objetivos.


Por mais que seja uma história inspiradora, ainda bem socialmente relevante e sobre um acontecimento histórico, o filme não consegue imprimir um resultado à altura dessa grandiosidade. O diretor George C. Wolfe não se mostrou inspirado em muitos aspectos da direção ou pelo menos não deixou o fluxo orgânico e azeitado como aconteceu em seu último trabalho A Voz Suprema do Blues (2020). O acabamento parece ter sido feito de modo apressado e sem refino algum. Visualmente o resultado é, infelizmente, tão genérico quanto qualquer outra peça da linha de produção em série da Netflix. Entre os problemas mais incômodos estão a iluminação e a mesclagem ruins entre cenários digitais e personagens reais como nas cenas que se passam no Lincoln Memorial. O uso de efeitos visuais questionáveis em momentos chave como o grande protesto fica ainda mais claro quando o diretor resolve intercalar gravações originais com cenas gravadas para o filme.

Foto: Divulgação


O roteiro é todo focado na marcha e na vida de Rustin durante o período em que ele tentou fazer acontecer esse evento. Por ser um homem negro e assumidamente gay nos EUA dos anos 60 ele tinha tudo conspirando contra seu benefício, e o texto faz questão de enfatizar os grandes discursos para reforçar essas problemáticas. Ainda assim, o argumento não se demora tentando mostrar o passado de Rustin ou outras situações que fujam do foco principal, na verdade os curtos vislumbres em preto e branco funcionam como muito bem na proposta de contrapor e completar a narrativa. O texto também usa bastante do artifício de criar personagens inspirados por personalidades reais para sintetizar situações, facilitar exemplos e claro, evitar problemas.


Colman Domingo é o corpo e a alma do longa-metragem. O ator conseguiu ler o personagem sem se apoiar em maneirismo e trejeitos, construindo uma atuação forte nas nuances das entonações. Entre os nomes do elenco coadjuvante que se destacam Gus Halper, que interpreta o também ativista Tom Kahn, e Johnny Ramey, que dá vida a Elias Taylor, um pastor que se envolve com Rustin e que não existiu, mas foi inspirado por pessoas próximas ao personagem-título.


Por ser conduzido por uma atuação brilhante e por tornar conhecida uma história pouco lembrada (em comparação a outros e eventos e nomes da época), o filme merece reconhecimento. Mas fora isso ficou na casa do “feito é melhor do que perfeito”, o que limitou e desperdiçou as chances de ter um longa polido, bem desenhado e com mais personalidade.


Nota: 3/5

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