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Crítica | Seus Amigos e Vizinhos (1ª temporada)

  • Foto do escritor: Filipe Chaves
    Filipe Chaves
  • 8 de abr.
  • 4 min de leitura

Nova série do Apple TV+ não é muito inovadora, mas diverte, ainda que sem muita profundidade.

Divulgação


Seus Amigos e Vizinhos é estrelada pelo vencedor do Emmy Jon Hamm como Andrew Cooper, um titã do mundo das finanças que é demitido e começa a furtar dos seus vizinhos ricos para manter seu padrão de vida e acaba descobrindo segredos que não deveria. Furtar de seu próprio círculo social estranhamente o estimula – mas aos poucos ele vai se envolvendo em uma teia cada vez mais perigosa. Para completar, Coop – como é conhecido por todos – ainda é recém-divorciado de Mel (Amanda Peet), mãe dos seus filhos, com quem tem uma relação quase amigável, digamos assim. A premissa da série já demonstra sua futilidade, e eu devo dizer que ela não consegue ir muito além disso. No entanto, o entretenimento é garantido e mesmo lembrando produções como Breaking Bad, Ozark e Succession – cada uma com suas diferenças, claro – Seus Amigos e Vizinhos não consegue ter o senso de perigo e urgência das duas primeiras ou a sagacidade de expor os ricos da última.


A cena inicial é um flashforward de Coop em uma situação bem complicada, então voltamos ao presente até entendermos como ele chegou ali em episódios futuros. Longe de ser inovador, certo? Mas ainda assim te fisga graças ao texto bacana de Jonathan Tropper – criador da série – que apresenta bem a história e os personagens principais durante os dois primeiros episódios burocráticos, que são dirigidos por Craig Gillespie e ditando um tom mais leve e que funciona no começo, mas à medida que a temporada avança, a tendência é que o senso de perigo vá aumentando e a direção dos outros diretores acompanhe isso, o que não ocorre e eles continuam na pegada de Gillespie. Então, quando acontece algo que resulte do iminente risco que Coop vem correndo, ainda soa como uma mudança muito abrupta para o tom que a série adota, mesmo que a tensão surja em determinadas sequências. Este é o maior problema, mas que não é difícil de ser consertado mais a frente. Enquanto o roteiro indica que os problemas são grandes, a direção faz parecer que eles não são tão grandes assim.


É a história de mais um homem branco entrando no mundo do crime, mas ele não tem a motivação plausível de Walter White, de Breaking Bad, ou a urgência de Marty Byrde, de Ozark. O que Coop tem é o carisma e talento de Jon Hamm e é graças a ele que o personagem se sobressai. Os motivos pelo qual ele embarca nesta jornada são realmente fúteis – manter o padrão de luxo – e os white people problems dele e das outras figuras da comunidade abastada pouco vão além. Em determinado momento, Coop começa a se ver do outro lado da moeda, notando os gastos supérfluos e exacerbados dos seus vizinhos e que está tirando objetos caros de gente que realmente não precisa, mas o roteiro – que flui bem, como eu disse – não é afiado o suficiente para trazer a acidez que pretendia, como Succession fazia, por exemplo, de mostrar aquele mundo de dinheiro além da casca. Eventualmente, uma personagem joga na cara de Coop que as razões para ele fazer aquilo são superficiais, então a série tem plena consciência disso, é uma pena que não faça muita coisa sobre.

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Hamm, de quem eu sou fã absoluto desde Mad Men, segura bem as pontas do protagonismo e é acompanhado por Amanda Peet, como Mel, sua ex-esposa, com quem divide a guarda dos dois filhos – chatos – adolescentes. Há assuntos mal resolvidos e é notório que o sentimento ainda existe, principalmente da parte dele. O que não impede que ele esteja em um caso com sua vizinha Sam, feita pela belíssima Olivia Munn, que está em um árduo processo de divórcio após descobrir uma traição do marido. Hamm consegue a proeza de ter química tanto com Munn quanto com Peet, e a produção investe neste possível triângulo, de uma forma até madura. Lena Hall é Ali, irmã de Coop que passa a morar com ele, já que ele não pode mais bancar um apartamento para ela. É bonito o cuidado que ele tem com ela e eu gosto como a série explora essa relação. Todavia, a moça tem uma subtrama pouco interessante que só serve para preencher tempo e ressaltar sua impulsividade. É um bom elenco e que há mais nomes envolvidos, também competentes, onde todos acompanham a mistura de comédia com drama do seriado. Ou seja, as falhas não são culpa deles.


E como eu já expus tais falhas, pode até parecer que não gostei, o que não é o caso. A 1ª temporada tem nove episódios, dos quais o Apple TV+ nos disponibilizou sete para fazer a crítica. O ritmo é bom e eu realmente me diverti assistindo porque curto tramas assim. As falhas que eu citei são contornáveis e a série tem potencial para mais. Por enquanto, ela é uma série prazerosa sobre o privilégio de brancos e ricos, e quando um deles adentra no mundo do crime, com eventuais momentos de tensão. Não é o grande drama que eu esperava que fosse e nem vai revolucionar a televisão, mas é definitivamente muito assistível, mesmo que sem muita complexidade. Já está renovada para a 2ª temporada, a qual espero que atinja o seu real potencial e haja mais harmonia entre roteiro e direção. 


Nota: 3,5/5


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