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  • Foto do escritorFilipe Chaves

Crítica | Sob as Águas do Sena

Às vezes, tudo que a gente precisa é de um entretenimento vazio

Foto: Netflix/ Divulgação


Desde que Tubarão, do mestre Steven Spielberg, chegou às telonas em 1975, filmes que tentam emular aquele sentimento de horror pelo animal começaram a se espalhar e a grande maioria com uma qualidade extremante duvidosa. Neste que vem fazendo um enorme sucesso na Netflix, o cenário é a França, mais precisamente o rio Sena em Paris, o que já é um ponto positivo porque consegue se diferenciar um pouco de tantos outros. Um tubarão em um rio? Sim, o tubarão da vez é um mutante e já tem um passado com Sophia, a protagonista de Bérénice Bejo. O longa começa em alto mar, quando Sophia perde quase toda sua equipe depois de um ataque do animal. Anos depois, o tubarão evoluiu e é descoberto nas águas doces do rio Sena, dias antes do Campeonato Mundial de Triatlo que ocorrerá no local.


O diretor Xavier Gens leva a trama muito a sério, o que é positivo e negativo ao mesmo tempo. Ajuda na construção da tensão, com ótimas cenas em que o ataque nem sempre acontece, onde há uma certa imprevisibilidade que é muito bacana. Então é no âmbito do terror que o filme se sobressai, e não no enredo político que tenta alcançar com vários clichês que só tomam tempo, mas não acrescentam a história porque já sabemos onde eles vão chegar, que é basicamente lugar nenhum. Claro que há uma tentativa de mensagem ambiental, os riscos do que o homem vem fazendo com a natureza. Claro que há cientistas informando os perigos à prefeita da cidade e sendo ignorados, ressaltando o negacionismo. Claro que há personagens com boas intenções, mas convenientemente burros para que a narrativa siga o fluxo. O que vale mesmo aqui é o entretenimento e esperar qualquer outra coisa é decepção certa.

Foto: Netflix/ Divulgação


Além de Bejo, muito bem no papel de uma mulher traumatizada pelo animal, o elenco ainda conta com Nassim Lyes na pele de Adil, um policial que está tentando ajudar Sophia, junto com outros colegas. O papel começa pequeno, mas ele vai se tornando o protagonista masculino aos poucos. Talento e carisma não faltam para a dupla. Os demais servem praticamente como isca, e não há tempo para que nos importemos com eles. Não que isso pese contra o longa, porque ele está em seu melhor momento nas sequências de ataque, principalmente quando há muitas pessoas envolvidas. Gens sabe muito bem usar os cenários à sua disposição, sejam abertos ou fechados, para causar o medo e é muito eficaz nesse sentido, usando a criatividade sem economizar no sangue e na violência.


Nos momentos finais, tudo acontece em uma escala mais ampla, promovendo um verdadeiro espetáculo visual, ainda que o resto seja vazio. Passa longe – muito longe – do Tubarão de Spielberg, por exemplo, mas para quem gosta do gênero e queira apenas uma diversão descompromissada, ainda que o filme queira dizer algo a mais, o que ele consegue com maestria é te entreter, e pelo sucesso que vem fazendo e aquela excelente cena final, não é difícil apostar que há uma continuação no horizonte e que ela seja maior, porém melhor, só o tempo dirá, embora eu não espere muito.


Nota: 2,5/5

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