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  • Foto do escritorDavid Shelter

Crítica | Som na Faixa (The Playlist)

Os diversos pontos de vista da mesma história fazem a minissérie sueca se tornar mais interessante

Divulgação: Netflix


Lançado oficialmente em 7 de outubro de 2008, mas em desenvolvimento desde 2006, o Spotify se tornou o maior nome da indústria audiofônica atual, ditando atualmente regras de lançamentos de singles e álbuns e marcando uma nova era de recordes na música. Criado pelos suecos Daniel Ek e Martin Lorentzon, o streaming ganhou uma minissérie contando parte da história de sua criação até um momento fictício no futuro, produzida pelo seu país de origem e lançada pela Netflix na metade de outubro.


O ponto de maior destaque a ser citado inicialmente, é a capacidade sensacional que a produção teve de criar trechos ficcionais utilizando parte da história real sobre a criação do Spotify. Revolucionando a indústria da música com o passar do tempo, ele nasceu inspirado no Pirate Bay, e o enredo trabalha bem essa questão quando mostra explicitamente como funcionava o famoso site de pirataria e como o Spotify conseguiria se sobressair pegando ideias dos próprios 'Piratas'.


Produções que retratam a criação de alguma multimilionária geralmente mantém uma linearidade de história mostrando tudo de um único ângulo, o do idealizador, como é o caso de 'A Rede Social', filme que conta sobre o Facebook. Mais recente temos como exemplo 'Super Pumped', minissérie que conta sobre o início do Uber e 'WeCrashed' sobre a WeWork. Em 'Som na Faixa' somos expostos a seis pontos de vista diferentes sobre o princípio do Spotify; Daniel Ek, o fundador, Per Sundin, representando aqui a indústria e as gravadoras, Petra Hansson, a advogada, Andreas Ehn, o programador, Martin Lorentzon, o sócio, e por fim; Bonnie T, uma artista que é diretamente afetada pelo sistema de streaming do Spotify.

Divulgação: Netflix


Não é anormal que produções desse tipo mostrarem os fundadores como figuras arrogantes e egocêntricas, e o Daniel Ek de 'Som na Faixa' é exatamente assim. Interpretado brilhantemente por Edvin Endre, Ek é o personagem que a minissérie utiliza para explorar todos os antagonismos presentes. Essa aura de idealista genial sempre funciona e contribui por si só para o desenvolvimento de personagem que vai ser odiado, e o enredo não se limita em moldar essa figura mesquinha. Edvin entrega um Daniel Ek que tem profundidade e frieza, expurgando qualquer empatia que o público pudesse sentir por ele.


Outro destaque no elenco é Janice Kavander, que interpreta a personagem ficcional Bobbie T. Retratada como uma ex-colega de Daniel Ek, Bobbie é uma artista pequena que tenta lançar carreira no início do Spotify, e é atrapalhada pelos princípios da empresa. Kavander põe em tela todo o seu talento vocal e emocional, repassando com perfeição o sofrimento de sua personagem e sua luta em busca de justiça contra seu ex-colega. Além dela, vale citar Gizem Erdogan, Ulf Stenberg, Joel Lützow, e a presença ilustre de mais um membro do clã Skarsgård; Valter Skarsgård, o caçula.

Divulgação: Netflix


Por se tratar de uma obra que não se prende à realidade, ela se beneficia bastante de seus trechos fictícios para alavancar o seu teor dramático, e a utilização de seis visões diferentes aprimoram ainda mais a trama. Ela tem um roteiro que se desenrola bem durante os seus episódios, e sabe até onde esticar as partes ficcionais. Um dos momentos em que ela se mostra atenta a isso, é quando traz à tona a história do Pirate Bay e o processo de direitos autorais que o site sofre, usando isso como trampolim para expandir o Spotify no meio da indústria musical. Outro momento bastante conhecido que a minissérie traz, é a guerra declarada de Taylor Swift contra os serviços de música e como isso afeta diretamente dentro da cúpula do Spotify.


Para encerrar, é reconfortante, de certa maneira, assistir uma obra desse tipo que não é advinda dos Estados Unidos. A produção ser assinada pelo país de origem da empresa retratada traz algo que Hollywood não conseguiria. Apesar dos poucos incômodos que a minissérie pode causar, ela se sustenta do início ao fim como um entretenimento de qualidade, e deixa o recado sueco de que pode trazer mais obras originais para o mainstream.


Nota: 4/5

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