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  • Foto do escritorAna Bia Andrade

Crítica | Sra. Harris Vai A Paris

A Sra. Harris é a prova de como a solidariedade impulsiona a realização de sonhos

Foto: Divulgação


Ao longo da história, a palavra ‘elegância’ já foi atrelada a uma vasta coleção de significados. Pode-se dizer que esse termo era exclusivamente ligado a uma simbologia de status e poder, com o intuito de acentuar a diferenciação socioeconômica entre as classes. Ainda que essa relação se perpetue até os dias atuais, a modernidade trouxe um novo significado para o elegante – a ideia de atemporalidade. É assim que podemos caracterizar a essência da ilustre personagem principal do longa Sra. Harris Vai a Paris, uma comédia simples, bem-humorada e bem sucinta em seus objetivos.


Dirigido por Anthony Fabian, o filme em questão, cujo título é bem autoexplicativo, conta a história de Ada Harris (Lesley Manville), uma empregada doméstica dos anos 50, viúva, com um coração de ouro e agora um novo sonho – ter um vestido Dior. Desde que, em uma de suas faxinas, o seu coração clamou por esse desejo, a Sra. Harris decide fazer tudo que está ao seu alcance para ir até Paris e lá, comprar o seu vestido tão sonhado. Felizmente, com muito esforço e algumas idas e vindas de sorte, nossa querida protagonista consegue embarcar para a capital francesa.


No entanto, ao chegar lá, o ambiente da alta costura não se mostra disponível e acessível a Ada, que embora tenha trabalhado horrores para conseguir dinheiro o suficiente para comprar o seu vestido, a sua presença ali é inicialmente vista como estranha e inadequada. Há certa relutância por parte da gerente Madame Colbert (Isabelle Huppert) em acolher a Sra. Harris como uma cliente da maison Dior, pelas razões que todos nós já sabemos. Entretanto, é justamente nesta casa de moda que o rumo da protagonista cruza caminhos com o Marquês de Chassagne (Lambert Wilson), com a modelo Natasha (Alba Baptista) e também com o do diretor de finanças Andre (Lucas Bravo), peças fundamentais na estadia de Ada em Paris.

Foto: Divulgação


Esta já é a segunda adaptação cinematográfica do romance homônimo de Paul Gallico, e, o que o filme de Fabian possui como um grande triunfo diferencial tem nome e sobrenome: a atriz Lesley Manville, que com todo seu carisma, consegue nos apresentar uma Sra. Harris irresistivelmente autêntica. Desde os seus momentos com a melhor amiga, Vi (Ellen Thomas), até às pequenas doses de afeto para com o gentil Archie (Jason Isaacs), Manville consegue colocar a dose perfeita de encanto, sem nunca beirar o caricato. Portanto, logo começamos a perceber que estamos assistindo um conto de fadas disfarçado, que dedilha minimamente sobre questões trabalhistas em uma Paris suja e destoante.


Em ‘Sra. Harris Vai a Paris, seus coadjuvantes também fazem um bom papel em dar suporte a história e movimentar a narrativa. Analisando de uma forma mais técnica, é muito curiosa a maneira com que o longa faz com que as mais absurdas coincidências parecerem aceitáveis e críveis, já que realmente estamos situados no pequeno conto de fadas de Ada. Seja pela fotografia inebriante ou pelo figurino impecável, e indicado ao Oscar 2023, diga-se de passagem, da esplêndida Jenny Beavan, tudo contribui para essa plena impressão que estamos vivendo no sonho da Sra. Harris.


Em conclusão, Sra. Harris Vai a Paris é um deleite – tudo é extremamente simples, leve e moral. De fato, o destino não tem sido muito amigável para Ada Harris, porém, ela ousa desafiá-lo sendo o mais gentil e solicita possível. Com o filme, extraímos que a generosidade pode nem sempre nos trazer retornos imediatos, porém, demonstrar-se uma pessoa aberta para ajudar o próximo será sempre uma das formas mais nobres de conduzir a vida, mesmo quando ela mesma acaba levando tudo da gente (inclusive um certo vestido especial).


Nota: 4/5

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