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Foto do escritorVinicius Oliveira

Crítica | Ted Lasso (3ª Temporada)

A queridinha do AppleTV+ volta exibindo todos os seus pontos fortes numa temporada com ares de última.

Foto: Divulgação


Apesar de ser taxada como uma série por vezes boba e sentimentalista, Ted Lasso não demorou a mostrar como, por baixo do seu viés otimista, escondia um olhar bastante humano e singelo sobre seus personagens carismáticos, permitindo-lhes crescer e mudar sem, no entanto, perder de vista as características que os marcavam. Com sua segunda temporada, a série passou também a investir num lado mais dramático conforme confrontava seus personagens (em especial seu protagonista).


A terceira temporada, portanto, tem o desafio de balancear essas duas facetas da série — a humorística e a dramática — enquanto aponta para um provável fim. Ainda que não tenha sido confirmado que esta é a última temporada, esse senso de encerramento é visível desde os primeiros minutos. Por isso, esses primeiros episódios (foram disponibilizado quatro para os críticos) focam mais em uma preparação de terreno para esse possível fim, mas nem por isso deixam de carregar seu próprio charme e todos os elementos pelo qual a série é tão amada.


Com o retorno do AFC Richmond à primeira divisão da Premier League no final da temporada passada, vemos aqui o time na disputa pelo troféu do campeonato junto com os principais times da Inglaterra, embora, como os azarões que sempre são, a preocupação inicial é não ficar na lanterna. A princípio, parece até uma repetição do que víamos na primeira temporada (o que é mais um indicativo de como essa deve ser a última temporada, criando uma sensação cíclica em relação ao início da série), mas obviamente muita coisa mudou. Grande parte do charme de Ted Lasso reside não só no carisma de seus personagens, mas também em suas evoluções, e aqui temos a oportunidade de vermos inclusive mais espaço para figuras que eram mais coadjuvantes nos anos anteriores, em especial os jogadores do Richmond.


Com esse aumento no elenco principal, mais a introdução de novos personagens coadjuvantes, seria fácil para esses episódios se perderem em meio a tantas subtramas (e a duração estendida dos episódios, que começara a ser uma tendência na temporada passada, permanece aqui como uma prova desse delicado equilíbrio). Felizmente, o time de criadores e roteiristas da série consegue manter o foco ao priorizarem sempre o elemento humano, mesmo em meio às partidas de futebol ou às incontáveis referências à cultura pop.

Foto: Divulgação


Isso também é possível pela qualidade cômica e dramática do elenco, a começar por Jason Sudeikis no papel-título. Embora Ted se veja dividido entre a necessidade de ser um pai mais presente, aceitar o novo relacionamento de sua ex-esposa, a pressão para conduzir seu time à vitória e lidar com seus sentimentos diante da partida de Nathan (Nick Mohammed aparecendo pouco, mas entregando a performance mais complexa), o ator nunca perde de vista a sensibilidade e bondade do personagem mesmo quando ela é posta à prova.


Enquanto isso, Rebecca (Hannah Waddingham) ainda se vê abalada pelo maligno ex-marido Rupert (Anthony Head), que se firma como o principal vilão da temporada da série, mas nem por isso deixa de apresentar um crescimento pessoal e profissional, seja através da sua amizade com Keeley (Juno Temple) ou das suas trocas com Ted. E o meu favorito, Roy Kent (Brett Goldstein), continua a roubar cada cena que aparece; se a série parece roubar parte de seu desenvolvimento no que se refere à sua relação com Keeley, por outro lado oferece pistas para uma muito esperada amizade sua com Jamie (Phil Dunster), que talvez seja o personagem com a maior evolução na série.


A terceira (e última?) temporada de Ted Lasso parece a princípio repetir situações das primeiras, como se parte dos personagens voltasse à estaca zero após o final agridoce da temporada anterior. Mas não demora a essa percepção se mostrar errônea: sempre com um humor leve, uma sensibilidade dramática singela e um trato com seus maravilhosos personagens, ela reúne tudo aquilo que a série tem de melhor. Ainda é cedo para dizer para onde a jornada do AFC Richmond está indo, mas se este é o fim, então não temos o que temer, mesmo que a série nos deixe muitas saudades.


Nota: 4/5

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