Adaptação não faz jus à obra original e entrega história esquecível
Foto: Divulgação
Lançada em março no Paramount+, a minissérie Teto para Dois é baseada no livro homônimo de Beth O'Leary que fez bastante sucesso no universo literário jovem-adulto nos últimos anos. Na série, Tiffy e Leon dividem um apartamento em Londres, mas nunca se viram pessoalmente. Ele vive no local de dia, ela, à noite. Quando começam a se envolver por meio de uma troca de post-its, uma relação inesperada tem início.
Como leitora da história por meio do seu material original, os primeiros segundos da adaptação de Teto para Dois já me causam uma certa estranheza. Na história, a protagonista Tiffy é descrita como acima do peso e isso é um fator importante para a reconstrução da sua autoestima e até para o desenvolvimento narrativo de um arco do livro, porém, nessa versão para as telas, a escolha foi que a protagonista estivesse dentro do padrão de magreza que nós já conhecemos e estamos cansados de ver na TV.
Nada contra a atriz Jessica Brown Findlay, que inclusive, é bastante competente em seu trabalho, mas essa falta de cuidado na adaptação já é um alerta do que veremos pela frente. Não que a adaptação de Teto para Dois seja ruim. Ela é fiel em alguns dos principais pontos da história e toda sua essência também está presente e dividida entre os seus seis episódios. Mas, ao assistir a história, a impressão que temos é que o carisma da obra literária não conseguiu ser transposto para as telas, formando um romance um pouco superficial em uma narrativa esquecível depois de uma maratona mesmo tratando de assuntos importantes.
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Falta profundidade ao tratar sobre a temática de relacionamentos abusivos (diferente do livro, por exemplo) e também ao falar sobre o encarceramento da população negra e da questão das prisões injustas. Você consegue perceber isso tudo ali com um olhar mais apurado, mas isso não é discutido com a importância que merecia. Ademais, Teto para Dois tem boas atuações, um casal principal que convence e um ótimo elenco de apoio. Mesmo com um orçamento modesto, também tem uma ambientação muito legal em uma Londres diferente da que estamos acostumados a ver nas telinhas.
Em algumas mudanças feitas na adaptação, também conhecemos mais a fundo a vida profissional dos protagonistas e dos seus ciclos de amigos e isso, sem dúvidas, é um dos seus pontos mais positivos. E, quando chegamos ao fim da minissérie, a sensação é que assistimos a um conteúdo que facilmente vai se misturar com os outros milhares de romances entre jovens adultos que somos bombardeados em todos os streamings. A experiência para quem leu o livro é ainda mais triste sabendo do ótimo conteúdo no seu material de inspiração e vendo um fraco resultado nas telas.
Nota: 2,5/5
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