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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | The Return Of The Projectionist

De fato, a arte existe porque a vida não basta

Foto: Divulgação


Pode haver uma diferença de idade de 50 anos entre Samid e Ayaz, mas eles compartilham uma paixão pelo cinema. Ambos estão repletos de ideias para revitalizar o cinema na sua aldeia situada nas colinas do Azerbaijão. Assim que o tão esperado Santo Graal – uma lâmpada de projetor – chegar depois de muitos meses, o cinema estará lotado de moradores locais... Mas será que a mágica funcionará?


O contraste de gerações, a paixão pelo cinema e a saudade do passado imortalizaram foram imortalizados pelo clássico italiano Cinema Paradiso (1988), de Giuseppe Tornatore. Tanto que, se você assistiu à produção dos anos 80, eventualmente a memória o trará à tona durante os ligeiros minutos do documentário.


Mesmo sem a emotiva trilha sonora do eterno Ennio Morricone, e pintado em meio às belas paisagens naturais do Azerbaijão em vez da Itália, o filme do diretor Orkhan Aghazadeh é carregado de significado e transparente em relação a eles. Não há floreios, alegorias ou figuras de linguagem para incrementar o roteiro, e nem precisa. As motivações dos personagens são transmitidas com uma honestidade quase inocente que não dá para não sentir junto com eles todo o leque de sensações vividas em cena.


Entre os temas discutidos em conversas agradáveis e simples o uso da tecnologia é um dos que se destacam. A réplica ao velho discurso hipócrita imperialista de que essas ferramentas facilitariam a vida de “todos” nunca irá acabar ou envelhecer, afinal, já em 2022 (ano em que o filme se passa), por mais que o mundo esteja inserido e dependente de recursos eletrônicos e digitais para existir de algumas formas eles atuam mais como obstáculos do que como catalisadores.


Abri com a frase do eterno Ferreira Gullar porque ela sintetiza muito bem a importância da arte como instrumento de preenchimento de espaços e vazios incompreendidos – e às vezes conhecidos mesmo. Filmes que para nós, que provavelmente leremos esse texto de alguma plataforma que está ao nosso alcance sempre que precisarmos, pode ser um mero passatempo entre inúmeros outros que temos, para outros é um propósito de vida. E não falo de propósitos de cineastas ricaços que querem se provar melhores e maiores com o passar do tempo ou de atores sedentos por prêmios e fama, são propósitos de sobrevivência, de prazer em ver os outros felizes, de ter pelo que acordar no dia seguinte.


Nota: 4/5


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