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  • Foto do escritorFilipe Chaves

Crítica | To Leslie

Uma válida história de redenção, mas que não diz muito mais do que já sabíamos

Foto: Divulgação


Seis anos após ganhar na loteria, Leslie (Andrea Riseborough), uma mãe solo de um pequena cidade no interior do Texas, acaba perdendo tudo para o alcoolismo. Leslie havia abandonado todos, inclusive seu filho adolescente, a quem recorre inicialmente quando foi expulsa do lugar onde vivia. James (Owen Teague), agora um homem, tenta ajuda-la, mas as constantes recaídas de sua mãe acabam desapontando o rapaz e fazendo Leslie voltar para sua cidade natal e confrontar seu passado.


Baseado em fatos verídicos, o filme ganhou maior notoriedade por causa da polêmica envolvendo a campanha de indicação de Riseborough ao Oscar de Melhor Atriz, porque provavelmente sem isso ele não chamaria muita atenção. Não que seja ruim, longe disso, mas não consegue se sobressair entre tantos outros que tratam do mesmo tema. Seu trunfo maior está, de fato, na performance magnética de Riseborough. Ela consegue nos fazer navegar por um mar de sentimentos em relação a sua personagem, uma mulher maltratada pela vida, mas que maltratou tantas pessoas que passaram pela sua. Ela nos faz sentir raiva, decepção e finalmente empatia, no seu árduo processo de sobriedade. Leslie ganhou 190.000 dólares, perdeu o dinheiro e ela mesma pelo caminho.


Leslie volta à cidade quando seu filho a expulsa e ele busca antigos amigos dela para ajudá-la. É ai que entram Allison Janney e Stephen Root, dois ótimos atores com potenciais desperdiçados. Root é Dutch, que está mais propenso a dar uma nova chance a Leslie, já Janney é Nancy, que faz o papel da amiga magoada e que joga verdades na cara de Leslie sempre que possível. É como se a personagem tivesse uma nota só e apenas no final ela demonstrasse um pouco mais de complexidade. É um filme sobre Leslie, claro, mas isso não é significa que os outros personagens não devam ser trabalhados.

Foto: Divulgação


O roteiro, ainda que percorra por todos os caminhos já esperados, nos escancara essa mulher tão cheia de falhas, que cometeu tantos erros e paga um preço alto por eles. Não fui atrás da história em que é baseado, porque queria me ater ao que vi em tela. O longa muda um pouco de tom quando surge Sweeney (Marc Maron), um gerente de um hotel de beira de estrada que quer ajudar Leslie ainda que ela não queira ser ajudada. É um tipo comum em filmes assim, pois são motores que levam a protagonista a chegar onde o roteiro almeja: a redenção. Na primeira metade do longa, em que Leslie vai cometendo sua sucessão de erros, há um pouco do fator surpresa, mas a medida que vai se desenrolando, é como se eu soubesse o que aconteceria a cada nova cena. Sweeney surge como um farol para uma mulher completamente perdida e dali é que se pode haver esperança. Ele não quer saber quem ela foi, quer saber quem ela ainda pode ser. A atuação e o carisma de Maron conseguem elevar o seu personagem e nos faz torcer por um final feliz.


Michael Morris tem um forte controle da direção. O tom é mais intimista, porque afinal é sobre aquela mulher e aquela jornada. Leslie achou que tinha a maior sorte do mundo ganhando aquele dinheiro que ela não soube manter, mas em uma mensagem mais otimista e um tanto clichê, o que ela precisava mesmo, o dinheiro não podia comprar. Não é um filme inesquecível, mas o que ele se propõe a fazer, faz bem feito em sua maior parte. Talvez dure um pouco mais do que o necessário, e uma edição melhor poderia trazer mais dinamismo, mas não é algo que chegue a atrapalhar. Vale a pena ser visto, se emocionar e torcer por Leslie, porque às vezes tudo o que a gente precisa é de uma boa e velha história de superação.


Nota: 3,5/5

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