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  • Foto do escritorGabriella Ferreira

Crítica | Um Pesadelo Americano

História surpreendente é fio condutor para críticas contra a misoginia sistemática

Foto: Divulgação


Atenção: Essa crítica contém spoilers!


Na última semana, a Netflix lançou mais uma minissérie documental de crimes reais em seu catálogo. Um Pesadelo Americano é dirigida por Bernadette Higgins e Felicity Morris, duas veteranas no gênero, e conta a história de um casal acusado de forjar uma invasão à própria residência e um sequestro após o reaparecimento repentino da vítima poucos dias depois.


Geralmente eu prefiro escrever críticas sem comentar os enredos principais da trama, mas, é impossível não ir no cerne da temática da minissérie durante esse texto. Portanto, caso você ainda pretenda assistir Um Pesadelo Americano e quer ser surpreendido com inúmeras reviravoltas dignas de qualquer novela global, pare esse texto, abra a Netflix e retorne aqui para entender o meu ponto depois. Mas, caso você não se incomode em saber a storyline principal de Pesadelo Americano fique a vontade para prosseguir a leitura.


Dividida em três episódios intitulados “O Namorado”, “Garota Exemplar” e “Os Outros”, embarcamos na vida de Aaron Quinn e Denise Huskins, um casal de namorados que são atacados durante a noite em uma cidade suburbana da Califórnia. Quando a polícia é acionada e Denise Huskins é dada como desaparecida, as suspeitas recaem sobre Aaron. Mas, o que poderia parecer simples para a polícia (e também para os telespectadores) se torna uma trama surpreendente quando Denise reaparece, aparentemente bem, e os policiais começam a desconfiar que tudo foi o plano bem elaborado nos moldes do filme Garota Exemplar de David Fincher.

Foto: Divulgação


Assistir Um Pesadelo Americano, devo confessar, é um pesadelo (perdão pelo péssimo trocadilho). Não pela minissérie ser ruim, muito longe disso, mas, por perceber como as mulheres estão sujeitas sempre a um julgamento repleto de desconfiança e misoginia, principalmente vindo das forças policiais, aqueles que seriam os responsáveis por proteger a sociedade. A história do que aconteceu com Denise é tão surreal que parece enredo fictício e é desesperador acompanhar o seu sofrimento e a sua luta para simplesmente ser levada a sério.


Os policiais, que provavelmente devem ter muito tempo livre para assistir os lançamentos do ano, se inspiraram no que viram em “Garota Exemplar”, deturparam a história criada Gillian Flynn e usaram o seu enredo para acusar uma mulher inocente. Além disso, a mídia americana também comprou a história e apresentava Denise como uma “Amy da vida real”. O circo midiático repleto de erros só não foi pior por conta de uma outra mulher, uma policial, que percebeu similaridades com casos na sua cidade no modus operandi de como Denise foi levada de casa.


Um Pesadelo Americano é uma minissérie surpreendente, muito bem feita, montada e dirigida que mostra como é ser mulher e ser uma vítima dentro de uma sociedade que prefere acreditar em um enredo de filme do que em um sequestro planejado e orquestrado contra uma mulher.


Nota: 4,5/5

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