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  • Foto do escritorFilipe Chaves

Crítica | X-men '97 (temporada 1)

A melhor produção da Marvel em anos é um melodrama político e emocionante que honra a equipe

Foto: Divulgação


Dado o histórico recente do estúdio, fui conferir X-Men ‘97 com os dois pés atrás. Dos super-heróis, eles sempre foram meus favoritos, então posso dizer que estava receoso com o que assistiria. Já no primeiro episódio meus medos caíram por terra e dava para notar que Beau DeMayo, o showrunner, e sua equipe talentosa sabiam o que estavam fazendo. Continuando a clássica série animada, que foi ao ar de 1992 a 1997, porém construindo uma independência, mesmo com toda a nostalgia presente. Os X-Men ainda estão tentando se reestruturar depois de perder o Professor X, Scott assume a liderança, mas uma grávida Jean Grey tem dúvidas sobre o seu futuro na equipe e a segurança do seu filho sendo um mutante em uma sociedade que não os aceita. Tudo fica mais abalado com a chegada de Magneto à mansão, informando que o desejo de Charles Xavier era de que ele fosse o novo líder, enquanto a raça humana está cada vez mais intolerante.


É apenas o ponto de partida de uma série que aborda diversos conflitos dramáticos, políticos e respeita a essência das histórias em que são baseadas e dos personagens. Não há como se falar nos X-Men e não citar o preconceito contra minorias. É uma metáfora há tempos usada nas mais diversas mídias em que os mutantes foram retratados e mesmo sendo mostrado de modo bastante expositivo, ainda parece ser impossível para alguns entenderem. Enquanto o Professor X era pacífico até demais, Magneto sabe muito bem o que precisa ser imposto e tem consciência de que a maioria da raça humana despreza os mutantes, não importando quantas vezes os X-Men já salvaram o mundo. O drama se complementa com ação em sequências belíssimas, onde há um impacto real ali e o visual é, de fato, deslumbrante. O traço do desenho é muito bonito, embora a movimentação seja um pouco lenta, provavelmente com o intuito de remeter às animações dos anos 90, época em que a trama se passa.

Foto: Divulgação


A forma como o arco central da temporada vai sendo construído é surpreendente e muito bem escrita. Reviravoltas não faltam, sejam das mais folhetinescas, como romances secretos que levam a triângulos amorosos ou sacrifícios emocionantes. Além dos personagens já citados, o foco se divide, a princípio, entre Vampira, Gambit, Tempestade, Jubileu, Fera, Morfo e Wolverine. Cada um tem seu momento de brilhar, e diferente dos filmes, Logan não é o protagonista isolado. Este é um dos maiores trunfos da produção, porque com uma gama de personagens incríveis, é um desperdício deixar que apenas um tenha um desenvolvimento apropriado. Todos têm seu momento de brilhar e o formato episódio ajuda que a cada semana o foco mude de um para outro, o que garante mais nuances e camadas a eles e faz com que intensifique nossa reação quando alguma tragédia acontece, por exemplo. É uma estrutura funcional, mesmo que o quarto episódio seja o mais fraco da temporada por ter Jubileu – carismática, mas de longe a menos interessante – no centro da trama, ele ainda é um alívio necessário para o que viria a seguir. É fantástico e ao mesmo tempo doloroso, principalmente no espetacular quinto episódio, chamado “Remember It”, e como o nome já diz, é um daqueles difíceis de esquecer. Os eventos dele vão reverberar até o último episódio e desconfio que pelo resto da série.


Falando nele, o fantástico último episódio reúne tudo que fez a temporada ser tão excepcional. Emoção, lutas incríveis, reviravoltas, desenvolvimentos de personagens, a parceria dos X-Men e uma pitada de cafonice que faz parte do charme e o gancho deixado para o que vem a seguir me anima bastante. Foi um acerto enorme do Disney+ que a exibição fosse semanal. A cada episódio podíamos discutir os acontecimentos e ansiar pelo seguinte, enriquecendo ainda mais a experiência. É difícil falar sem spoilers, mas o sentimento de que os X-Men são uma família, com conflitos internos e externos, dramáticos e políticos é o coração da série, mas sem deixar a ação de lado, afinal estamos falando de super-heróis, que mesmo com poderes e um gene diferenciado, ainda são extremamente humanos, quer a sociedade aceite ou não. Esta é a verdadeira essência da equipe e fico muito feliz como a animação conseguiu honrar esta dinâmica, e mesmo que de forma didática, abordou temas maduros como casamento, luto, religião e intolerância. O que vimos em tela é realmente bonito, seja em conversas mais íntimas ou nas sequências de batalhas mais viscerais, onde os poderes são usados exalando criatividade e que me fizeram duvidar que um filme live action faça jus. Eu sei que eu quero mais do que vi aqui, porque agora com a confiança restaurada, só posso esperar o melhor.


Nota: 5/5


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