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  • Foto do escritorVinicius Oliveira

Crítica | Dezesseis Facadas

Quando referências divertidas não bastam para fazer um bom filme

Foto: Divulgação


O sucesso da franquia Pânico levou a uma crescente abordagem metalinguística dentro do terror, especialmente no subgênero do slasher. São filmes marcados por alusões conscientes às obras anteriores do gênero, muitas vezes numa abordagem satírica e que desconstrói os tropos habituais dessas obras. Mais de 25 anos depois, a própria franquia surge como uma obra que é aludida e referenciada nos novos slashers, como é o caso do recém-lançado Dezesseis Facadas, de Nahnatcha Khan.


Aqui, temos Jamie Hughes (Kiernan Shipka), que enfrenta uma relação difícil com a mãe Pam (Julie Bowen), devido ao caráter superprotetor desta em razão do trauma adquirido após a morte de suas colegas adolescentes nos anos 80 pelas mãos de um serial killer, conhecido como o “Assassino das Dezesseis Facadas”. Quando Pam é morta pelo assassino, Julie se vê na mira dele, mas consegue viajar no tempo justamente para o período em que os primeiros assassinatos ocorreram, destinando-se a tentar proteger a versão adolescente da mãe (Olivia Holt) e suas colegas antes que elas sejam mortas.


Desde o seu início, Dezesseis Facadas não esconde suas referências a franquias do terror como Pânico ou Sexta-Feira 13, bem como a clássicos oitentistas como De Volta para o Futuro e os filmes de John Hughes, como Clube dos Cinco. Essa linguagem referencial e autoconsciente (onde Jamie usa seus conhecimentos dos filmes de gênero para tentar antecipar os passos dos assassinos) cai como uma luva em meio à onda de nostalgia pelos anos 80, e é difícil não apreciar várias das piscadelas que o filme faz. É só uma pena que isso por si só não o sustente.


Foto: Divulgação


O principal problema aqui reside na direção de Nahnatcha Khan, ineficaz em sustentar qualquer tensão ou susto cabíveis a uma obra que se afirma ser terror. A pobreza da plasticidade do filme é quase chocante, como se estivéssemos assistindo a um piloto de uma série de TV de baixo orçamento (e a bem da verdade, não faltam exemplos de séries muito mais criativas e ricas visualmente hoje em dia).


Khan também não consegue fazer milagre com o roteiro de David Matalon, Sasha Perl-River e Jen D’Angelo, que mal se esforça em nos fazer torcer e simpatizar pelos personagens. Entendo que há a proposta de que o grupinho de amigos de Pam seja concebido para representar os estereótipos adolescentes da época, mas o filme pesa tanto a mão nesse aspecto que não nos resta outra opção senão torcer para o assassino matá-los. Mesmo Shipka, uma atriz que admiro desde Mad Men, parece no modo automático aqui, embora desponte nas sequências de teor mais cômico.


Aliás, se o filme falha como terror, certamente se sai mais bem-sucedido no campo da comédia, seja pelas já citadas alusões quanto pelo abraço aos exageros do gênero e do período retratado. A própria inserção dos elementos da viagem no tempo, se a princípio parecem uma decisão forçada, logo se integram organicamente à trama, especialmente quando as ações de Jamie no passado repercutem no presente.


Infelizmente, Dezesseis Facadas é desequilibrado em sua execução, apesar de promissor na teoria. Em meio à safra de slashers meta-cinemáticos e “espertinhos”, o filme se revela uma das ofertas mais irregulares e fracas, que até convence como comédia, mas nunca como terror.


Nota: 2,5/5



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