Filme cearense que disputou a Palma de Ouro em Cannes chega aos cinemas dia 22 de agosto
Em entrevista exclusiva para Oxente, Pipoca?, os atores Iago Xavier e Nataly Rocha falaram sobre a experiência de trabalhar com Karim Aïnouz, sobre seus personagens e sobre o processo de gravação do longa-metragem Motel Destino.
Os atores afirmaram que a primeira vez que assistiram ao filme foi, de fato, no Festival de Cannes e contaram o que acharam do resultado em contrapartida ao que haviam pensado quando leram o roteiro pela primeira vez. “Na leitura cada um faz o filme na sua cabeça, o Iago cria o filme dele, eu crio o meu, e aí depois quando você vê sob outra perspectiva e depois do trabalho da pós-produção, que mexe no som, mexe nas cores, é bem doido. Apesar de que quando a gente estava filmando as cores já eram bem intensas por conta do nosso sol e das luzes de dentro do motel, mas tem uma cena que o quarto fica todo vermelho que quando assisti eu vi a cor estava mais intensa. Então é tudo muito surpreendente porque a gente não ficava acompanhando no video assistant, até porque o Karim não gosta disso, então nós temos a sensação do que é pelo que estamos vivenciando”, declarou Nataly.
Já Iago destacou a importância da leitura inicial para criar essa primeira imagem na mente. “Antes das gravações tem a preparação que é fundamental para a gente não chegar engessado no set e ficar preso nos detalhes de como as coisas foram ensaiadas ou pensadas pela gente, temos que estar prontos para nos adaptar àqueles cenários e situações. E aí entra também a genialidade do Karim, ele pede para a gente repetir algumas falas com entonações diferentes, com sentimentos diferentes e só quando o filme ficou pronto a gente vê o que ele escolheu”, afirmou.
O ator falou também sobre a mudança de perspectiva ao assistir ao filme pela primeira vez. “Eu adorei assistir a personagem da Nataly, a Dayana, quando vi o filme em Cannes, porque quando você está em cena tem outros olhos, você fica com aquela preocupação do personagem naquele momento e quando assisti eu estava em outra situação, mais à vontade e pude aproveitar o trabalho dela”.
Foto: Divulgação
Em seu primeiro trabalho com um longa-metragem, Iago Xavier falou sobre as preocupações e expectativas antes do filme começar a ser rodado. Ele admite que estava receoso com as cenas mais emotivas, as quais pediam uma carga emocional maior - como as cenas de luto ou de perda -, e que tentar se imaginar nesses lugares lhe gerou um pouco de ansiedade. Entretanto, ele afirma que sua forma de driblar tal ansiedade foi tentar não se preocupar durante as gravações, tirando o peso desses momentos e não pensando muito a respeito.
Nataly comentou sobre Karim, o estilo do cineasta e sua expertise na condução de Motel Destino. “Eu comentei com ele [Karim] que eu acho que Motel Destino é Karim 2.0. Até esteticamente falando, para as cores trabalhadas, é outra proposta, mas com a cara dele. São lugares mais arriscados, que você não está acostumado a ver nos filmes anteriores. E ele está sempre se reinventando, quando você vê um filme que trata essas realidades brasileiras e não cai no ‘lugar mais fácil’, mas se arrisca em termos de narrativa, de imagem e som, isso faz com que a gente se esforce mais para criar personagens que dialoguem melhor com essas escolhas. E não só ele, mas de toda a equipe técnica que estava envolvida e que tinha a mesma vontade de criar um filme com personalidade”, afirma ela.
Iago finalizou falando sobre como o diretor facilitou o desenvolvimento dos personagens. “Ele tem um olhar para os personagens que é incrível, a maneira como ele instiga a gente estar em cena, mantém a gente vivo ali, ajuda a gente a dar vida para esses personagens reais, porque as cores desses personagens é o que torna eles reais. O ser humano às vezes é muito contraditório, hora está de um jeito depois muda e fica de outro, e a complexidade desses personagens dão essa humanidade para eles”, declara.
Comments