Em entrevista ao Oxente, Pipoca?, diretor e atores discutem a representação de uma autêntica realidade periférica no filme
Foto: Divulgação
Estreia no próximo dia 30 o filme Kasa Branca, dirigido por Luciano Vidigal. Ambientado na periferia da Chatuba, no Rio de Janeiro, o longa segue Dé (Big Jaum), um adolescente negro que recebe a notícia de que sua avó Almerinda (Teca Pereira) está em fase terminal do Alzheimer. Com a ajuda de seus dois melhores amigos, Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), ele tenta enfrentar o mundo e conferir dignidade à sua avó em seus últimos dias de vida.
Em entrevista ao Oxente, Pipoca?, o diretor Luciano Vidigal e os atores Big Jaum e Diego Francisco falaram a respeito do processo de gravação do filme, feito com um elenco majoritariamente de comunidades periféricas do Rio, e como ele buscou trazer autenticidade na representação do cotidiano dos personagens, sem se prender a estereótipos. Luciano, que reside há 46 anos na favela, comentou seu incômodo com outras produções brasileiras que abordam realidades periféricas: “eu sempre me senti muito agredido com obras audiovisuais que usaram o meu povo e o lugar onde moro como um trampolim para o mundo. (...) Quando vou começar a desenvolver um novo projeto, eu me sinto um advogado de defesa; tô defendendo meu povo, meu lugar”.
Para Luciano, a melhor arma de defesa é, portanto, a verdade. “O Vidigal tem aproximadamente 40 mil habitantes, destes 99,9% são pessoas que carregam a cidade do Rio de Janeiro nas costas, ganhando um salário injusto para poder sobreviver, e ainda assim fazem festas em suas lajes. Acho que tem muita poesia, muita potência para mostrar ao mundo, então é a verdade desse povo que quebra paradigmas e estereótipos”, diz ele.
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Já Big Jaum e Diego Francisco falaram a respeito da camaradagem observada entre os personagens principais. Os dois atores se conheceram durante as gravações do filme — ao passo que Diego e Ramon são primos — e creditam à Luciano e à preparadora de elenco Fátima Domingos pela química observada entre os personagens em tela. “Isso [que tá na tela] é resultado das nossas vivências, das nossas zoações [risos], e foi uma energia muito bonita, uma resenha muito boa. Às vezes, em uma cena em que um dos três estava sozinho, os outros ficavam no set, perturbando. A gente gravou o filme em agosto de 2022, estamos em 2025 e continuamos dando um rolê, na perturbação. Ficou um legado bem legal, que eu guardo com muito carinho, do filme”, comenta Big Jaum.
Já Diego destaca o quanto de suas próprias vivências eles levaram para os personagens e suas performances no filme: “a gente ser da favela, de comunidade, e sermos homens pretos, essa é a nossa vivência (...). Adrianim tem muito de mim, eu tava num momento da vida parecido com o personagem. Mas além disso teve a preparação [de elenco], que foi essencial também para conectar ainda mais e a gente conseguir fazer esse trabalho bonitão”.
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